A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apresenta que cerca de 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente, valores que alimentariam aproximadamente 30 milhões de pessoas (FAO, 2018). 41 mil toneladas de alimentos anualmente são descartadas no Brasil, levando à posição entre as 10 nações que mais desperdiçam em todo o mundo (AGÊNCIA BRASIL,2016). Segundo a Embrapa (2018), as famílias brasileiras desperdiçam diariamente cerca de 353 gramas de alimentos, totalizando 128,8 quilos de alimentos que foram descartados pela falta de uso, ocasionando problemas sociais, econômicos, ambientais e na segurança dos alimentos.
Alguns estudos vêm sendo realizados com objetivo de aproveitamento de resíduos vegetais para desenvolvimento de novos produtos e redução de desperdícios dos alimentos, rendendo melhorias na economia e agregação nutricional (DAMIANI, 2020). Os principais motivos de desperdícios são as perdas pós-colheita até a chegada no consumidor, a ausência de planejamento de suas compras, o excesso de compras, a escolha pelo padrão estético, gerando um alto descarte de alimentos pelos distribuidores (FAO, 2018).
O processamento dos resíduos agroindustriais possibilita uma maior vida de prateleira e reduz desperdícios, tal que frutas e vegetais possuem alta perecibilidade, com elevado grau de deterioração, requerindo um controle especial na colheita, armazenamento e processamento desses produtos (SALGADO et al., 2022)
Os resíduos oriundos dos processos industriais devem ser aplicados no desenvolvimento de insumos, ingredientes e produtos alimentícios, na qual os nutrientes e compostos bioativos permaneçam presentes. Caso não seja possível o uso destes resíduos, uma excelente opção é a destinação para indústrias de rações animais. A sociedade não possui a prática de aproveitar a disponibilidade máxima dos alimentos, descartando partes com altos teores nutricionais, por falta de conhecimento e costumes inadequados. Estes coprodutos são gerados através das cascas, sementes e amêndoas, que normalmente são desperdiçados para o consumo (DAMIANI, 2020).
Cerca de 53% da produção de frutas é destinada à venda de orgânicos e 47% utilizada no setor agroindustrial para produção de polpa, farinha, geleias e demais produtos. Logo, o processamento e a comercialização dessas frutas geram resíduos que muitas vezes não chegam aos devidos destinos e são descartados erroneamente, produzindo odores devido à decomposição da matéria orgânica e formação de chorume, representando uma ameaça ao meio ambiente, poluindo o solo, atingindo águas subterrâneas e rios (GUIMARÃES et al., 2023).
Segundo o Centro Vegetariano (2023), a palavra veganos vem do inglês vegans, em que se denomina as pessoas que não se alimentam de produtos de origem animal. Portanto estes produtos também são consumidos por outras pessoas, de costumes não tão estritos, mas que também evitam o consumo de animais. Termo proposto em meados do século XX, para designar a alimentação puramente vegetal e reforçar a componente ética, onde essas pessoas se designam como ovolactovegetarianos, lactovegetarianos e vegetarianos (conhecidos como “vegetarianos puros”), pessoas que ainda usam roupas, produtos de higiene, entre outros que ainda contenham produtos de origem animal, mas excluem apenas alimentos que possui ingredientes de origem animal.
Podem-se considerar veganos aqueles que inicialmente não consomem nenhum tipo de alimento de origem animal ou de qualquer outro produto derivado do abate de animais (cosméticos, vestimentas) e, também, é intransigente na defesa do bem-estar animal (Freiria et al., 2017). Esse estilo de vida tem se apresentado na sociedade como expressão da responsabilidade na defesa do meio ambiente e dos animais, sob a exploração dos mesmos para o benefício individual, diminuindo a utilização dessas proteínas animais, resíduos orgânicos e consumo de água (Ribeiro, 2019).
Substituir e/ou aplicar insumos em alimentos sem prejudicar os aspectos sensórias, é um fator de impulso para as indústrias, pois através das adaptações e desenvolvimento de novos processos que o mercado se destaca e justifica questões socioambientais. Com uma sociedade diversa em suas dietas e consumos, havendo restrições e competições de mercado, se torna fundamental os ajustes dos processos para atendimento de um todo (da Silva et al., 2022).
O desenvolvimento de produtos com finalidades especiais, tem sido bastante necessário dentre as indústrias alimentícias, já que as pessoas estão diariamente à procura de alimentos práticos e saudáveis. Visto que o público vegano possui uma deficiência quanto aos seus alimentos liberados ao consumo, pelo fato de terem ingredientes restritos, como por exemplo carnes, ovos e leites. Logo é de suma importância o desenvolvimento de produtos que visam o reaproveitamento de resíduos agroindustriais para aplicação de novos alimentos, podendo eles serem designados ao publico com restrição, tornando assim um único alimento com atendimento a mais de uma necessidade. Assim como as pesquisas realizadas por Futata (2022) que desenvolveu um snack sustentável com a utilização da casca da banana, Beltran et al., (2020) um sorvete vegano de chocolate formulado com resíduo de batata doce e leite de coco; Teixeira (2022) cookies com resíduos sólidos de extratos hidrossolúveis vegetais.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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