A força da mulher no mercado de trabalho vem crescendo a cada ano, mesmo diante de tantas barreiras e um passado não tão distante com a presença em massa de lideranças masculinas. Não se trata de uma disputa, mas sim de uma corrida por igualdade. Para se ter uma dimensão do cenário, um estudo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) revelou que a cada quatro pessoas empregadas na indústria, uma é do sexo feminino. No entanto, a participação feminina nas fábricas cresceu 14,3% em 20 anos, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego.
Ao filtrar os dados para a indústria de alimentos e bebidas, a porcentagem de contratação feminina neste setor cresceu em 49,3%. Na ciência, os números mostram que as mulheres também firmaram o seu espaço. De acordo com a Unesco, no Brasil, o gênero representa 54% dos doutorandos e publicam 70% dos artigos científicos do país, embora recebam apenas 24% das bolsas de produtividade.
No Portal e-food, 68,5% dos leitores são mulheres. Se tratando de interação em redes sociais e procura por publicação de artigos no site, a grande também é do sexo feminino. Um outro dado importante a ser citado é que o Portal foi fundado por duas mulheres: Luciana Salles, engenheira química e consultora na MQ Consultoria, e a nutricionista Natália, também consultora e professora na S2G.
Tendo em vista esses e outros dados, neste Dia Internacional da Mulher, é de extrema importância para o Portal e-food reconhecer alguns nomes de mulheres que agregaram no crescimento da comunidade de food safety.
Primeira mulher a liderar a Organização Internacional do Café é brasileira
Vanusia Nogueira é a primeira mulher a liderar a OIC (Organização Internacional do Café), principal órgão intergovernamental que trata das questões globais do produto agrícola. Ela ocupa, desde o dia 10 de fevereiro de 2022, o cargo de diretora-executiva.
Além de ser uma posição importante no setor, Vanusia entra em um momento de maior pressão na indústria global de café, bem como em outros setores de processamento de alimentos, como o cacau. Os cafeicultores de todo o mundo vêm sofrendo pressão nos últimos anos devido ao retorno financeiro insuficiente da atividade, o que tem causado o abandono de fazendas em lugares como a América Central, aumentando os fluxos de imigração ilegal para os Estados Unidos.
Em um comunicado publicado na Forbes, ela se mostrou ciente deste desafio: “Vamos buscar a coordenação setorial para trabalhar em questões prioritárias como renda próspera e bem-estar para cobrir custos e possibilitar uma vida digna aos produtores”.
Pesquisadora é citada em dois grandes rankings sobre produtividade na ciência
Delegada da Associação Brasileira de Alimentos (ABRAPA) e ex-presidente da instituição, Mariza Landgraf foi nomeada em 2021 em dois grandes rankings que reconhecem a contribuição e produtividade para a Ciência — BRICS e Latin America Top 10.000 Scientists AD Scientific Index 2021. Para chegar neste lugar de destaque, a pesquisadora traçou um longo caminho na área de pesquisa.
Há 20 anos, ela fez parte do momento em que a ABRAPA foi reconhecida pela International Association for Food Protection (IAFP) como o braço direito da instituição no Brasil. A profissional também é reconhecida no meio acadêmico. Ela é a pesquisadora principal do Food Research Center (FoRC), um dos Centros de Inovação, Pesquisa e Difusão (CEPID) apoiados pela FAPESP, e professora colaboradora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), atuando nas diversas áreas da Microbiologia de Alimentos com ênfase em microorganismos patogênicos (Escherichia coli produtora de toxina de Shiga, Salmonella e outros).
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A pesquisadora também é membro do GT Higiene de Alimentos da ANVISA e da delegação brasileira do Comitê do Codex Alimentarius on Food Hygiene (CCFH).
Pesquisadora lança projeto gratuito para a comunidade de food safety
Angélica Olivier Bernardi é doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos e já atuava por quatro anos como colaboradora da Certifee. Em 2022, além de seguir com a Certifee, tomou a iniciativa de abrir sua própria consultoria a AOB. Para ajudar nesta mudança e se apresentar no mercado como uma profissional solo, Angélica também criou a Doses de Micro. Neste novo projeto, totalmente gratuito e aberto ao público, ela promove lives pelo Zoom sobre micro-organismos deteriorantes e patogênicos (fungos e bactérias) tanto para área de food, feed como de pet food.
A profissional tem grande domínio no assunto e faz pesquisas na área de ciência e tecnologia de alimentos, com ênfase em análises microbiológicas e micológicas em alimentos e possui trabalhos relevantes sobre a avaliação da eficácia de sanitizantes químicos empregados do controle da contaminação microbiológica do ar e superfícies em indústrias de alimentos.