Grande parte da população costuma evitar o consumo de frutas com manchas marrons por considerarem que tenham gosto ruim. No entanto, uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade de Copenhagen, contrariou o mau hábito dos consumidores.
No estudo, os pesquisadores culparam as emoções excessivas nas decisões de compra. “Escolhemos os alimentos com base na expectativa de qual será o sabor que está ligado aos nossos sentimentos. Portanto, se esperamos que uma banana marrom não tenha o sabor de uma amarela, optamos pela última”, explicou Karin Wendin, professora associada do Departamento de Ciência Alimentar da Universidade de Copenhagen e uma das pesquisadoras por trás do estudo.
Atualmente, o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking dos países que mais desperdiçam comida em todo o mundo, segundo o Banco Mundial. O país também não apresentou bons números na última atualização global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e da Agricultura (FAO), de 2013, chegando à marca de 26,3 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados por ano.
Diante disso, os cientistas tentaram incentivar o consumo dos alimentos com manchas marrons. “Frutas machucadas ou de formato estranho podem ser facilmente usadas. Eles geralmente têm um gosto tão bom quanto os de boa aparência. Nos casos em que a maçã está amassada ou um pouco farinhenta, ainda se pode usar para fazer suco ou torta. Quando uma fruta ‘feia’ é jogada fora, ela se transforma em desperdício de comida, o que é um grande problema – inclusive financeiramente. É por isso que precisamos trabalhar na reavaliação de nossos sentimentos sobre frutas marrons e de formatos estranhos”, diz um trecho do estudo.
Método da pesquisa para chegar no resultado final
Ao todo, 130 pessoas foram convidadas a avaliar imagens de maçãs com aparências variadas. Em sua maioria, os participantes alegaram insatisfação ao ver e comer a fruta manchada, optando pela fruta com aparência perfeita.
“Quando os participantes viram a foto de uma maçã feia e depois provaram uma que era verde e perfeita, eles acreditaram que o gosto era horrível. Isso mostra até que ponto nossas emoções e psicologia influenciam as sensações gustativas. Lembramos mais os sentimentos e expectativas negativos do que os positivos”, disse Wendin.
Mudança de hábito
De acordo com a cientista Karin Wendin, é preciso colaboração da indústria com os supermercados para mudar a maneira como os consumidores pensam sobre a fruta com manchas marrons. Eles citam ainda uma possível ação de conscientização para tranquilizar os compradores de que maçãs ou bananas com manchas são tão boas quanto aquelas sem manchas. Com isso, o desperdício de alimentos poderia ter uma redução significativa no mundo.