A evolução dos Programas de Manutenção na Indústria de Alimentos

A manutenção industrial acompanha a evolução das tecnologias industriais. A partir da revolução industrial, no século XIX, surgiram as primeiras máquinas mecanizadas e a necessidade de efetuar reparos quando as máquinas paravam de funcionar.

Os primeiros registros de programas básicos de manutenções são da época da Primeira Guerra Mundial e da implantação da produção em série. A manutenção era voltada para correções, ou seja, reativa. No entanto, essa abordagem se mostrou ineficiente e cara, pois as paralisações não planejadas resultavam em perda de produtividade e aumento dos custos de produção.

No início do século XX, os primeiros programas de manutenção preventiva foram estabelecidos. Os equipamentos eram inspecionados periodicamente para a realização de manutenções e evitar falhas durante a operação.

A manutenção preventiva ganhou destaque durante a Segunda Guerra Mundial, pois a indústria teve um papel importante neste período e as empresas não podiam parar. Na década de 60, as empresas começaram a mensurar os gastos de manutenção e surgiram os primeiros sistemas de planejamento e controle de manutenção.

A manutenção preditiva, desenvolvida pelos militares, durante as guerras, utilizava técnicas de monitoramento e análise para identificar potenciais falhas antes que ocorressem. Essa abordagem permitia uma programação mais precisa das atividades de manutenção, reduzindo ainda mais as paralisações e os custos.

Nas décadas de 70 e 80, com o surgimento do Just In Time, prever falhas de equipamentos era essencial para manter a produtividade, qualidade dos produtos e pontualidade nas entregas. Neste período o avanço da tecnologia de computação e a introdução de sistemas de controle automatizados, com computadores, softwares especializados, sensores e sistemas de monitoramento para coletar dados em tempo real sobre o desempenho das máquinas, permitiu a detecção precoce de anomalias e a tomada de ações corretivas antes que a falha ocorresse.

Na década de 90 a manutenção antecipada evoluiu para a Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC), uma metodologia que busca otimizar os custos de manutenção, levando em consideração a confiabilidade e a vida útil dos equipamentos. A MCC considera o desempenho passado e atual das máquinas, as características de falha e a criticidade dos equipamentos para desenvolver estratégias de manutenção mais eficientes.

Com a evolução tecnológica dos últimos anos, a manutenção nas indústrias tem se beneficiado do avanço da digitalização, dos sensores sem fio, da Internet das Coisas (IoT) e da computação em nuvem. Estas tecnologias auxiliam na coleta massiva de dados, surgindo assim o conceito de manutenção preditiva avançada. Essa abordagem utiliza algoritmos de aprendizado de máquinas e análise de big data para identificar padrões e tendências nos dados de manutenção.

O desafio deste novo processo de manutenção é encontrar formas de modernizá-los com o auxílio das tecnologias existentes. A tecnologia é o elemento agregador e está justamente na conexão entre máquinas, operações, equipamentos e pessoas (TDGI). Por meio desse conjunto de tecnologias, controlar e acompanhar as operações dentro de uma fábrica se torna mais simples.

Para a indústria de alimentos a manutenção dos equipamentos e da estrutura predial vai além dos conceitos de manutenção industrial. As normas reconhecidas pelo GFSI citam que deve haver um programa eficaz de manutenção para as instalações e equipamentos com o intuito de evitar contaminação e reduzir potenciais danos.

Devem ser estabelecidos cronogramas de manutenção preventiva, com inspeções documentadas. Reparos e consertos temporários devem ser controlados, documentados e devem ser consertados permanentemente o mais breve possível.

Os materiais e peças utilizados devem ser adequados ao uso pretendido, ser de grau alimentício e com status alergênico conhecido. As oficinas devem ser limpas e organizadas. Para garantir que as manutenções preditivas, corretivas e preventivas sejam programadas e executadas conforme cronogramas pré-estabelecidos, é necessário que as equipes de manutenção das indústrias de alimentos tenham uma Gestão de Documentos implementada. Esta gestão pode estar interligada aos sistemas de inteligência artificial, armazenado na nuvem com captação on-line de dados ou em arquivos físicos – o importante é ter controle dos documentos.

A gestão de documentos desempenha um papel fundamental no sistema de gestão de manutenção, garantindo a organização, integridade e disponibilidade das informações relevantes para as atividades de manutenção. Ela envolve o controle, armazenamento, recuperação e atualização de documentos essenciais, como manuais de equipamentos, procedimentos operacionais padrão, relatórios de manutenção, registros de manutenção preventiva e corretiva, entre outros.

A importância da gestão de documentos no sistema de gestão de manutenção pode ser destacada em diversos aspectos:

– Acesso rápido à informação: Um sistema eficiente de gestão de documentos garante que as informações relevantes estejam prontamente disponíveis quando necessárias. Isso permite que os técnicos de manutenção acessem manuais, especificações técnicas, planos de manutenção e outros documentos essenciais de forma rápida e fácil, facilitando a execução das tarefas de manutenção.

– Consistência e padronização: A gestão de documentos ajuda a garantir que as práticas de manutenção sejam consistentes e padronizadas em toda a organização. Ao fornecer acesso aos procedimentos operacionais padrão e outras diretrizes, os documentos ajudam a estabelecer um conjunto comum de práticas e garantem que a manutenção seja realizada de acordo com os padrões e normas estabelecidos.

– Rastreabilidade e histórico: A gestão de documentos permite a rastreabilidade e o registro de todas as atividades de manutenção realizadas. Isso inclui registros de manutenção preventiva, corretiva, inspeções, reparos e substituições de peças. Através desses registros, é possível acompanhar o histórico de manutenção de cada equipamento, identificar padrões de falhas, analisar o desempenho dos ativos e tomar decisões assertivas em relação à manutenção.

Gerenciar o Sistema de Manutenção na indústria de alimentos é dar condições para que as empresas produzam alimentos seguros, com qualidade e com máxima eficiência.

 

Bibliografia:

https://tdgibrasil.com/entenda-sobre-manutencao-4-0/ – https://blog.engeman.com.br/gestao-da-manutencao-industrial/ acessado em 26/05/2023

– Otani, Mario; Machado, Waltair Vieira – A Proposta de Desenvolvimento de Gestão de Manutenção Industrial na Busca de Excelência ou Classe Mundial- 2008- Revista Gestão Industrial- UTFPR

– KARDEC, Alan; NASCIF, Julio. Manutenção Função Estratégica, 2ª edição, 1ª Reimpressão 2004. Editora Quality Mark, Rio de Janeiro, Coleção Manutenção, Abraman.

– ALMEIDA, Palo Samuel de, – Gestão da manutenção aplicada às áreas industrial, predial e elétrica,1 ª edição. Editora Érica-Saraiva, 2017.

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