As atividades agropecuárias, localizadas dentro da extensão territorial brasileira e desenvolvidas principalmente em regiões propícias a produção, são de extrema importância para o contexto local em que se encontram, por constituírem uma ampla parcela da economia regional e ainda apresentarem apelos sociais, ambientais e culturais que contribuem para a formação do território.
No Brasil, de acordo com último Censo Agropecuário de 2017, foram computadas 1.527.056 agroindústrias em atuação no país, sendo 85,9% geridas no âmbito familiar, onde os responsáveis pela produção são prioritariamente membros da família com uma produção em pequena escala, geralmente regida por técnicas manuais, tradicionais e em alguns casos artesanais.
No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a agroindústria está presente em todos os municípios, principalmente em municípios com grande extensão territorial como as cidades de Campos do Goytacazes e Valença. No entanto, a atividade no estado ainda encontra-se pouco explorada, deixando a desejar uma ascensão em potencial das atividades rurais da região.
No atual cenário mundial, os consumidores têm demonstrado maior interesse na adesão de produtos produzidos em pequena escala, com apelo locorregional, instintivamente, aqueles que carregam uma história produtiva e que representem a essência da produção.
Quando se trata de dados econômicos, o IBGE constatou que as agroindústrias familiares brasileiras geraram, em 2017, em relação às vendas de produtos, cerca de R$ 10,8 bilhões de reais. Possuindo um papel importante na agregação de valores e na geração da renda familiar, garantindo sustento e melhoria de vida dos envolvidos, consequentemente na região onde estão localizadas.
Referente à questão social, as agroindústrias familiares possuem um papel de fixar o homem no campo, por muita das vezes os mais jovens, trabalhando a sucessão familiar dentro das atividades, consequentemente diminuindo o êxodo rural. Ainda desempenham uma função importante socioeconômica na vida desses produtores rurais, através da ampliação de renda, ocasionando a diversidade na produção da propriedade e conquistando mercados locais e regionais, destaque reconhecido aos municípios com herança rural desenvolvida que buscam trabalhar, por meio da tradição cultural, o turismo rural como atrativo alavanque para a união dos eixos econômicos municipais.
E visando um aspecto mais ambiental, as agroindústrias familiares, quando corretamente orientadas, tendem a optar pela atividade que visa à sustentabilidade e uso ao máximo dos componentes residuais.
Além disso, é possível organizar a atividade para capacitar os produtores a agregar em valor aos seus produtos e ainda utilizarem os resíduos que seriam desperdiçados da produção, através do beneficiamento, que diretamente contribuí com as ações sustentáveis, uma economia circular e ainda na geração do impacto econômico local. E a partir do conhecimento é possível obter um produto de qualidade e um alimento seguro ao consumidor, potencializando e consolidando a cadeia produtiva da agroindústria.
Reconhecer a importância das atividades rurais familiares, para o desenvolvimento socioeconômico regional, induz estratégias dentro e fora da cadeia primária que impactam todos os integrantes envolvidos na atividade, agregando valor aos produtos, gerando postos de trabalhos e força econômica para região, e ainda facilitando o escoamento dos produtos através de realizações de ações conjuntas públicas e privadas com ideal em comum.
Referências:
BARROS, M. V. Ferramenta para promover a economia circular em propriedades rurais. 2019, 107f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2019.
EMATER, Relatório de Atividades 2019. Governo do Estado do Rio de Janeiro, 2019.
EMBRAPA, Agroindústria familiar: aspectos a serem considerados na sua implantação. 1ª Ed. Brasília: Embrapa, 2017.
IBGE. Agroindústria Rural do Brasil. Atlas do Espaço Rural Brasileiro. 2017.