A vaca “dá” leite? Produção e parâmetros da qualidade do leite

A vaca “dá” leite? Não! Quando é proporcionado um ambiente que assegura o bem-estar animal, associado ao controle sanitário criterioso, e bom manejo nutricional, visando atender as exigências de manutenção e produção, aí sim a vaca produz leite. 

No organismo da vaca, através das glândulas mamárias, quando em conjunto é chamada de úbere, ocorre a produção e secreção do leite. O ciclo da lactação é dividido em quatro estágios consecutivos, sendo estes: mamogênese, lactogênese, galactopoiese e involução. Na mamogênese, células epiteliais mamárias completarão a sua diferenciação e aumentarão a produção dos hormônios estrogênio e progesterona. A lactogênese é o processo de preparação da glândula mamária para a produção de leite, em que ocorre a diferenciação e multiplicação das células alveolares mamárias. A galactopoiese refere-se à manutenção da lactação. O intervalo entre o final de uma lactação e o início da seguinte é bastante complexo, envolvendo a involução e desenvolvimento mamário. Involução é o termo empregado para descrever a regressão gradual da glândula mamária após completar a função durante a lactação normal. 

Um estudo demonstrou que para as vacas produzirem 1 litro de leite seria necessário circular pelo úbere 500 litros de sangue. Para tanto é necessário que esteja prenhe, a gestação dura em média 290 dias, e logo após o parto a produção de leite ocorrerá por até 305 dias. Na literatura, a persistência na lactação é definida como a capacidade da vaca em manter sua produção de leite após atingir a produção máxima na lactação, quatro são os métodos de mensuração da persistência na lactação: 1) baseado em razões entre produção de leite em diferentes fases da lactação; 2) baseado na variação da produção de leite, ao longo da lactação; 3) baseado em parâmetros de modelos matemáticos e 4) baseado nos valores genéticos obtidos por meio de coeficientes aleatórios dos modelos de regressão aleatória. A melhoria do nível de persistência na lactação pode contribuir para redução de custos no sistema de produção.

A composição do leite irá variar quanto a quantidade de cada componente, não só a composição mais a produção também, sendo diversos os fatores responsáveis pela composição e produção do leite, os principais responsáveis são as raças bovinas e a genética, idade, nutrição animal em relação a dieta que recebe, bem-estar animal e sistemas de produção. 

A legislação brasileira estabelece padrões para mensuração da qualidade do leite, sendo a contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT) os indicadores higiênico-sanitários que permitem avaliar se o leite está apto ao consumo humano. Nesse sentido, os valores máximos permitidos de CCS são de 500 mil células somáticas por mL e CBT de 300 mil UFC por mL. A contagem de células somáticas no leite refere-se às células do sistema imune e do epitélio da glândula mamária das vacas, o fator de maior impacto para elevação desse parâmetro é a mastite, e a contagem bacteriana total refere-se à proliferação bacteriana no leite por contaminação externa e está relacionada com os processos de higiene durante a ordenha, coleta e processamento do leite. 

E ainda, conforme a legislação brasileira de qualidade do leite, os teores mínimos de gordura são de 3,0%; proteína, 2,9%; lactose, 4,3%; extrato seco desengordurado, 8,4% e extrato seco total, 11,4%. Podendo ainda o leite ser classificado quanto ao teor de gordura em integral (mínimo de 3,0%), semidesnatado (0,6% a 2,9%) e desnatado (máximo de 0,5%), refrigerado, pasteurizado e tipo A, sendo este último obtido, beneficiado e envasado em granja leiteira e diretamente destinado ao consumo humano.

Portanto, é errôneo afirmar que vacas dão leite, e sim produzem leite, e de qualidade, conforme as condições em que estão submetidas. 

 

Referências

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