Conheça a laranja Moro e seus benefícios no emagrecimento

A Organização Mundial da Saúde estima que, até 2025, aproximadamente 167 milhões de pessoas, entre adultos e crianças, se tornarão menos saudáveis por estarem acima do peso ou obesas (OMS, 2022). Ainda segundo a OMS, cerca de 650 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela obesidade, estabelecendo-se como uma das doenças crônicas mais comuns no mundo. Este cenário é preocupante, uma vez que a obesidade pode ser potencialmente evitada por meio da manutenção de uma alimentação saudável aliada a práticas de atividade física. Porém, observa-se que enquanto uma parcela da população busca qualidade de vida, a grande maioria não se conscientiza de manter uma dieta adequada a fim de se evitar problemas que possam ser gerados pelo sobrepeso. 

O Índice de Massa Corporal (IMC) é a principal maneira de investigar se o indivíduo está com peso ideal, ou se apresenta magreza, sobrepeso ou obesidade (Ministério da Saúde, 2022). Essa última pode ser definida como o grau de armazenamento de gordura no organismo associado a riscos para a saúde devido a sua relação com várias complicações metabólicas, sendo que a base da doença é o processo indesejável do balanço energético positivo, o qual resulta em ganho de peso. Já o sobrepeso, está relacionado a um percentual menor de gordura quando comparado à obesidade, que tem maior quantidade de gordura e probabilidade de impactar na saúde como um todo. 

Silva e Lima Filho (2020), destacam que a obesidade é considerada um problema de saúde pública e atinge um contingente populacional muito elevado. Quando um organismo ingere mais calorias do que consegue utilizar em seu dia a dia, acumula-se gordura, surgindo a obesidade.

Dados da Vigitel, Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, no Brasil, mostrou que o percentual de adultos maiores de 18 anos com obesidade apresentou valores expressivos e com tendência de aumento, sendo 15,1% em 2010 e 22,4% em 2021, conforme a Figura 1.

Fonte: Vigitel Brasil 2006-2021: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica do estado nutricional e consumo alimentar nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2021.

Em nosso país, boa parte da população obesa que não faz uso de uma dieta saudável e que não dedica uma parte do tempo às atividades físicas, busca alternativas como os medicamentos anti-obesidade. Segundo pesquisa realizada pela Nielsen Holding, o Brasil é o maior país da América Latina que faz uso desses medicamentos (Andrade et al., 2021). Entretanto, a mídia tem evidenciado que estes afetam o organismo e têm apresentado efeitos colaterais adversos.

Dessa forma, os nutracêuticos, compostos bioativos funcionais, beneficiam a saúde por prevenir o risco de doenças, auxiliando o bom funcionamento do organismo e tornando-se grandes aliados nas dietas de emagrecimento. De acordo com Briskey et al. (2022) foi amplamente demonstrado que muitos extratos de plantas apresentam propriedades de perda de peso e proporcionam benefícios à saúde devido à presença de vários compostos polifenólicos. 

Citrus sinensis (L.) Osbeck é uma das laranjas extensivamente estudadas da família Rutaceae, como um ingrediente popular e comumente usado na Medicina Tradicional Chinesa por meio de preparações derivadas de cascas, frutas jovens, frutas maduras, flores e outros tecidos (Dongre et al., 2023). Normalmente cultivada no leste da Sicília, na Itália, (Tamokou et al., 2017), essas laranjas são conhecidas como laranja Moro ou laranja vermelha (Figura 2) e são popularmente comercializadas como extrato seco na suplementação alimentar, com o objetivo de promover a manutenção do peso corporal e prevenção da obesidade (Russo et al., 2019; Farag et al., 2020).

Figura 2 – Laranja Moro.

Fonte: Imagem gratuita Pixabay.

Além disso, a laranja Moro apresenta aplicações terapêuticas como agentes antidiabético, anti-obesidade e hipocolesterolêmicos eficazes. Já para o tratamento de disbiose intestinal, a laranja amarga é mais preferida (Farag et al., 2020).

Lima e Barbosa (2021) destacam que, nos últimos anos, os alimentos funcionais e nutracêuticos têm recebido atenção pelos seus variados benefícios biológicos para a saúde e, nesse sentido, a laranja Moro está se popularizando no mercado como suplemento alimentar, devido à ação sinérgica entre seus compostos bioativos na redução da inflamação e no controle do peso corporal. De fato, muitos estudos demonstram os efeitos do extrato de laranja Moro na redução acentuada do tamanho dos adipócitos e no acúmulo de lipídios através da supressão de marcadores inflamatórios, atenuação do estresse oxidativo, modulação da secreção de adipocitocinas e, principalmente, da regulação positiva na expressão de genes lipolíticos, inibição de vias adipogênicas e aumento da termogênese. Todos esses efeitos parecem ser potencializados pela ação sinérgica desses compostos bioativos em importantes sítios ativos alostéricos. 

Em estudo realizado em modelo animal, o uso do extrato de laranja vermelha (Morosil®), resultou na redução de peso dos animais obesos. Os pesquisadores acreditam que o extrato reduziu a inflamação e o estresse oxidativo associados à hipertrofia dos adipócitos (Milla; Kerppers, 2023). 

Briskey et al. (2022) realizaram um estudo randomizado, duplo cego e controlado por placebo em que avaliaram 98 homens e mulheres que receberam Morosil® ou placebo durante seis meses. Após a avaliação final com DEXA, técnica usada para medir a gordura corporal e o tecido magro usando dois raios X de energia diferentes, os autores observaram uma diminuição substancial na massa gorda e na gordura abdominal em comparação com o grupo placebo. 

Considerações finais

O extrato de laranja Moro promove o controle do metabolismo lipídico e estimula a oxidação de ácidos graxos, contribuindo de forma complementar a outros tratamentos na regulação do metabolismo lipídico e no controle de peso. Mais estudos in vivo e in vitro são necessários para avaliar implicações terapêuticas relacionadas ao metabolismo e aos processos inflamatórios, além de propriedades específicas desses fitoquímicos que incluem o perfil toxicológico, interações farmacológicas, afinidades com receptores, regulação gênica e sua suposta seletividade para gorduras localizadas. 

Referências 

 

Sair da versão mobile