A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.) é uma semente oleaginosa pertencente à família das Lecythidaceae, proveniente da região Amazônica. É uma árvore de grande porte podendo chegar a 50 metros de altura. Os frutos possuem formato esférico, conhecidos como ouriço, contendo em seu interior de 12 a 25 sementes (5,6). As sementes possuem alto valor nutricional, em média 60 a 70% de lipídios, 15 a 20% de proteínas, 10 a 15,9 g 100 g-¹ de carboidratos, 7,5 a 7,9 g 100 g-¹ de fibras, e alto teor de metionina, que é um aminoácido essencial que está em déficit em muitas proteínas de origem vegetal.
Conhecida nacionalmente também por castanha-do-Pará e em outros países por Amazonian nut ou Brazil nut, dentre seus maiores consumidores estão a Europa e Estados Unidos. É considerada a maior fonte alimentar de selênio, disponível para alimentação humana variando entre 0,03 a 512,0 µg g-¹. Selênio é importantíssimo por auxiliar no sistema imune, hormonal e contra alguns tipos de câncer. A castanha-do-Brasil também contém uma vasta fonte nutricional de magnésio (221,2 mg 100 g-¹), fósforo (610 mg.100 g-¹), vitamina E (82,9 µg/g), cálcio (170,3 mg 100 g-¹), ferro (0,64 mg 100 g-¹), potássio (675 mg.100 g-¹), zinco e cobre (1,40 mg a 3,50 mg 100 g-¹).
Apresenta altos teores de selênio, que em sua capacidade antioxidante possui efeitos preventivos em processos metabólicos degenerativos do organismo que se relaciona com a redução de algumas doenças como o câncer, auxilio na redução de infecções virais, como também no metabolismo hormonal da tireoide e na redução do risco de doenças cardiovasculares.
Dentre os micronutrientes presentes na castanha, o tocoferol apresenta atividade antioxidante no organismo humano, ou seja, evita a oxidação lipídica dos ácidos graxos insaturados. Já os fitosteróis ou esteróis vegetais possuem características anti-inflamatórias e antitumorais quando consumidas de forma regular, operam na redução de absorção do colesterol no intestino delgado e reduz as taxas de colesterol total e LDL levando a melhora do perfil lipídico, auxilia na prevenção e no tratamento das doenças cardiovasculares e no controle de peso, promove o decréscimo de alguns tipos de câncer.
Segundo recomendações da National Academy of Sciences (NAP) consumir uma castanha-do-Brasil diariamente pode ultrapassar as necessidades diárias de selênio, de 55 µg, ideal para a homeostase do organismo humano. Já a Food and Drug Administration relatou em estudos que a ingestão de 43 g diárias de oleaginosas associado a uma dieta de baixo teor lipídico pode minimizar os riscos cardiovasculares.
O consumo habitual dessa oleaginosa está relacionado a melhora do perfil das concentrações lipídicas sanguíneas, com redução das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e muita baixa densidade (VLDL).
Outro fator importante é a presença dos ácidos (graxos) na composição da castanha-do-Brasil, tornando seu consumo indispensável atualmente, principalmente em decorrência do alastramento rápido e exponencial do vírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-Cov-2), conhecido como coronavírus 2019 (COVID-19).
Nos casos em que o indivíduo não consegue introduzir a castanha em sua dieta alimentar, alguns suplementos são recomendados a fim de manter a imunidade, dentre estes estão os ácidos graxos, o ômega-9 que possui a função de auxiliar na imunidade, o ômega-3 juntamente com os minerais zinco, selênio e ferro, seguindo a dose diária recomendada, a fim de auxiliar na manutenção nutricional principalmente daqueles que fazem parte dos grupos de risco (idade > 60 anos, portadores de comorbidades como diabetes, cardiopatia, pneumopatia, doença renal ou neurológica, imunodepressão, obesidade e gestantes e puérperas).
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