Portal colaborativo para profissionais, empresas, estudantes e professores da área de Segurança de Alimentos.

A castanha-do-Brasil e seus benefícios à saúde humana

Autores: Lilian Gomes Rossi Sancanari, Katiuchia Pereira Takeuchi, Mariana Buranelo Egea, Ana Carolina Pinheiro Volp, Antônio Carlos Sancanari Júnior.

A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.) é uma semente oleaginosa pertencente à família das Lecythidaceae, proveniente da região Amazônica. É uma árvore de grande porte podendo chegar a 50 metros de altura. Os frutos possuem formato esférico, conhecidos como ouriço, contendo em seu interior de 12 a 25 sementes (5,6). As sementes possuem alto valor nutricional, em média 60 a 70% de lipídios, 15 a 20% de proteínas, 10 a 15,9 g 100 g  de carboidratos, 7,5 a 7,9 g 100 g  de fibras, e alto teor de metionina, que é um aminoácido essencial que está em déficit em muitas proteínas de origem vegetal. 

Conhecida nacionalmente também por castanha-do-Pará e em outros países por Amazonian nut ou Brazil nut, dentre seus maiores consumidores estão a Europa e Estados Unidos. É considerada a maior fonte alimentar de selênio, disponível para alimentação humana variando entre 0,03 a 512,0 µg g. Selênio é importantíssimo por auxiliar no sistema imune, hormonal e contra alguns tipos de câncer. A castanha-do-Brasil também contém uma vasta fonte nutricional de magnésio (221,2 mg 100 g), fósforo (610 mg.100 g), vitamina E (82,9 µg/g), cálcio (170,3 mg 100 g), ferro (0,64 mg 100 g), potássio (675 mg.100 g), zinco e cobre (1,40 mg a 3,50 mg 100 g).

Apresenta altos teores de selênio, que em sua capacidade antioxidante possui efeitos preventivos em processos metabólicos degenerativos do organismo que se relaciona com a redução de algumas doenças como o câncer, auxilio na redução de infecções virais, como também no metabolismo hormonal da tireoide e na redução do risco de doenças cardiovasculares.

Dentre os micronutrientes presentes na castanha, o tocoferol apresenta atividade antioxidante no organismo humano, ou seja, evita a oxidação lipídica dos ácidos graxos insaturados. Já os fitosteróis ou esteróis vegetais possuem características anti-inflamatórias e antitumorais quando consumidas de forma regular, operam na redução de absorção do colesterol no intestino delgado e reduz as taxas de colesterol total e LDL levando a melhora do perfil lipídico, auxilia na prevenção e no tratamento das doenças cardiovasculares e no controle de peso, promove o decréscimo de alguns tipos de câncer.

Segundo recomendações da National Academy of Sciences (NAP) consumir uma castanha-do-Brasil diariamente pode ultrapassar as necessidades diárias de selênio, de 55 µg, ideal para a homeostase do organismo humano. Já a Food and Drug Administration relatou em estudos que a ingestão de 43 g diárias de oleaginosas associado a uma dieta de baixo teor lipídico pode minimizar os riscos cardiovasculares.

O consumo habitual dessa oleaginosa está relacionado a melhora do perfil das concentrações lipídicas sanguíneas, com redução das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e muita baixa densidade (VLDL).

Outro fator importante é a presença dos ácidos (graxos) na composição da castanha-do-Brasil, tornando seu consumo indispensável atualmente, principalmente em decorrência do alastramento rápido e exponencial do vírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-Cov-2), conhecido como coronavírus 2019 (COVID-19).

Nos casos em que o indivíduo não consegue introduzir a castanha em sua dieta alimentar, alguns suplementos são recomendados a fim de manter a imunidade, dentre estes estão os ácidos graxos, o ômega-9 que possui a função de auxiliar na imunidade, o ômega-3 juntamente com os minerais zinco, selênio e ferro, seguindo a dose diária recomendada, a fim de auxiliar na manutenção nutricional principalmente daqueles que fazem parte dos grupos de risco (idade > 60 anos, portadores de comorbidades como diabetes, cardiopatia, pneumopatia, doença renal ou neurológica, imunodepressão, obesidade e gestantes e puérperas).

 

Referências

CARVALHO, I. M. M.; et al. O consumo de castanhas pode reduzir o risco de processos inflamatórios e doenças crônicas. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 8, n. 15, p. 1977, 2012.

COLPO, Elisângela. Efeitos metabólicos do consumo da castanha do Brasil (Bertholletia excelsa) em humanos saudáveis. 2014. 67f. Tese (Doutorado em Bioquímica Toxicológica) apresentada a Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2014.

COSTA, T.; JORGE, N. Compostos Bioativos Benéficos Presentes em Castanhas e Nozes. Cient. Ciênc. Biol. Saúde. p. 195-203, 2011. Disponível em: < http://revista.pgsskroton.com.br/index.php/JHealthSci/article/viewFile/1212/1165>. Acesso em: 28 junho de 2021.

KANNAMKUMARATH, S. S.; WROBEL, K.; WUILLOUD, R. G. Studying the distribution pattern of selenium in nut proteins with information obtained from SEC-UV-ICP-MS and CE-ICP-MS. Talanta [Internet]. 2005 Mar 31 [cited 2019 Jun 20];66(1):153–9. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0039914004006514?via%3Dihub

LIMA, L. W.; STONEHOUSE, G. C.; WALTERS, C.; EL MEHDAWI, A. F.; FAKRA, S. C.; PILON-SMITS, E. A. H. H. Selenium Accumulation, Speciation and Localization in Brazil Nuts (Bertholletia excelsa H.B.K.). Plants [Internet]. 2019 Aug 16 [cited 2020 Jul 5];8(8):289. Available from: https://www.mdpi.com/2223-7747/8/8/289

MOREIRA, L. S.; et al. Development of procedure for sample preparation of cashew nuts using mixture design and evaluation of nutrient profiles by Kohonen neural network. Food Chemistry. 2018.

NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH. Nutrient Recommendations: Dietary

Reference Intakes (DRI). Disponível em: <https://ods.od.nih.gov/Health_Information/Dietary_Reference_Intakes.aspx>. Acesso em: 3 jul. 2021.

RODRIGUES, H. H. N. P.; DRESCHER, W. H.; TAKEUCHI, K. P.; SILVA, F. C. S.; VOLP, A. C. P. Practical guide of references and nutritional recommendations for individuals affected by Coronavirus Disease 2019. Journal of PeerScientist v. 3, p 1-5, 2020.

SANTOS, Orquídea Vasconcelos dos. Estudo das potencialidades da castanha-do-brasil: produtos e subprodutos. 2012. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. doi:10.11606/T.9.2012. tde-10092012-110036.

SOUZA, M. L. de; MENEZES, H. C. de. Extrusão de misturas de castanha do Brasil com mandioca. Ciência e Tecnol Aliment [Internet]. 2008 Jun [cited 2019 Jun 28];28(2):451–62. Available from:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-

20612008000200029&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

SULIBURSKA, J.; KREJPCIO, Z. Evaluation of the content and bioaccessibility of iron, zinc, calcium and magnesium from groats, rice, leguminous grains and nuts. Journal of Food Science and Technology, v. 51, n. 3, p. 589–594, 29 mar. 2014. Disponível em: <http://link.springer.com/10.1007/s13197-011-0535-5>. Acesso em: 2 jul. 2021.

YANG, J. Brazil nuts and associated health benefits: A review. LWT – Food Sci Technol [Internet]. 2009 Dec [cited 2018 Dec 28];42(10):1573–80. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0023643809001522

Total
0
Shares
1 comments
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia mais