Aproveitamento de resíduos de frutos na alimentação humana

A produção e o comércio de frutas, em âmbito nacional e internacional, são crescentes conforme descrito nos documentos de projeção do agronegócio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020; IBGE, 2021).  Considerando o período entre os anos de 2020 para 2021 foi possível observar a demanda aumentar já no início de cada ano, com valores correspondentes de exportação (incluindo nozes e castanhas) de US$ 324,2 milhões em frutas de janeiro a maio de 2020 e US$ 422,3 milhões de janeiro a abril de 2021.

Em ambos os casos, as frutas que possuem melhores resultados em valor das exportações são os mamões frescos, mangas e melões, e com respeito a dispersão geográfica no país, podemos considerar a banana. Essas frutas, apesar de se apresentarem com grande importância na cadeia produtiva nacional e no mercado de exportações, ao serem utilizadas no dia a dia, acabam gerando diversos resíduos. Ao fazer um suco, uma vitamina e até mesmo saladas, diversos resíduos de frutas vão para o lixo, tais como sementes, talos, cascas e bagaço. Porém, junto a esses resíduos também são descartados diversos nutrientes.

Com relação à massa total do mamão, as sementes representam cerca de 14% (GOMES, 2015), já o melão possui 25% de casca e 7% de sementes (FUNDO, 2018), a manga possui 12% a 20% de casca (ITAL, 2021) e de 10% a 25% de semente, conforme a variedade da fruta (GOMES, 2017), enquanto que a banana tem cerca de 41,02% de casca (MOURA et al., 2020).

Em alguns casos, esses resíduos até que são utilizados como adubo, porém, a melhor forma de aproveitar a quantidade de nutrientes jogada ao lixo, seria a sua reinserção na alimentação humana, tendo em vista que diversos estudos citam o valor nutricional disponível nesses resíduos.

Por exemplo, Gomes (2015) informou que as cascas do mamão são constituídas basicamente por carboidratos, lipídios, proteínas e fibras. As cascas do melão, conforme Gómez-García (2020), têm se apresentado com efeitos antioxidantes, antimicrobianos, antidiabéticos, antivirais, anti-inflamatórios, anti-hipoglicemia e antiproliferativos. Além disso, de acordo com o publicado pelo Instituto de Tecnologia de alimentos – ITAL, (2021), a casca de manga é um subproduto rico em fibras, pectina, carotenoides, vitaminas, compostos fenólicos e bioativos com alta capacidade antioxidante. Complementarmente, Acosta-Coello, Parodi-Ruiva e Medina-Pizzali (2021) demonstraram os benefícios das cascas de banana, citando que as mesmas são ricas em fibras dietéticas insolúveis, uma boa fonte de potássio, fósforo, cálcio, magnésio, manganês, ácidos poli-insaturados, aminoácidos essenciais, vitaminas e compostos fenólicos.

Tendo em vista a quantidade gerada diariamente e a importância nutricional dos resíduos das frutas, na Tabela 1 são apresentados alguns exemplos de estudos que abordaram o aproveitamento – no âmbito alimentício – dos resíduos de mamão, manga, melão e banana.

Fruta Resíduo Aproveitamento

Autor

Mamão

Semente

Óleo comestível e doces

Gomes, (2015)

Barra de cereal

Oliveira, M. et al., (2020)

Casca

Pão integral

Santos et al., (2018)

Doces

Souza e Soares, (2018)

Manga Semente Barra de cereal

Gomes et al., (2017)

Casca

Mousse

Storck et al., (2013)

Macarrão

Nur Azura et al., (2020)

Leite probiótico

Vicenssuto e de Castro, (2020)

Melão Semente Óleo

Rabadán et al., (2020)

Casca

Geleia

Reis et al., (2020)

Doce

RAJ et al., (2018)

Cupcakes

Vieira et al., (2017)

Banana Casca Bolos

Oliveira, L. et al., (2020)

Biscoito

Oguntoyinbo, Olumurewa e Omoba, (2021)

Vinagre

Prisacaru e Oroian, (2018)

Salsicha tipo frankfurter

Chasoy e Cock, (2016)

Tabela 1:  Estudos sobre o aproveitamento de resíduos de frutas

Desta forma, é possível observar que os resíduos de frutas descartados diariamente – cascas, sementes, talos e bagaços – podem sim serem reintroduzidos na alimentação humana, bastando reformular os produtos já popularmente consumidos. Conforme demonstrado na tabela anterior, há uma grande variedade de aplicabilidade, com infinitas possibilidades, além do fato de que o uso de resíduos de frutas traz benefícios nutricionais para os alimentos.

Referências Bibliográficas

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