Confira o que foi destaque nos três dias de Conferência GFSI 2023

O Portal e-food foi à Atlanta, nos Estados Unidos, para participar da Conferência GFSI 2023, o maior evento da Segurança de Alimentos no mundo, realizado entre os dias 25 a 27 de abril. Nesta edição, o GFSI trouxe como tema principal “Fornecimento de alimentos seguros em tempos turbulentos: a necessidade de agilidade e resiliência”. Os organizadores montaram três trilhas paralelas com foco nas principais prioridades estratégicas da GFSI, o papel da ciência e tecnologia, bem como as mais recentes inovações no food safety.

Nos discursos de abertura da diretora do GFSI, Erica Sheward, e do diretor-gerente do Fórum de Bens de Consumo, Wai-Chan Chan, eles enfatizaram como a segurança dos alimentos se adapta para melhor servir as pessoas em um mundo em rápida mudança.

Race to the Top

A estrutura Race to the Top (tradução livre: Corrida para o Topo), criada pela GFSI e projetada para impulsionar a melhoria contínua no sistema de segurança de alimentos, alimentou o debate do primeiro dia. 

Um discurso gravado de Dirk Van de Put, presidente e CEO da Mondelēz International, convidou os delegados para “uma semana de aprendizado compartilhado enquanto redobramos nossos esforços para entregar nossa agenda Race to the Top dedicada a melhorar a confiança no trabalho vital que a GFSI faz na harmonização dos padrões de food safety e apoiando os reguladores da setor.”

Parcerias público-privadas para inovação no food safety

No segundo dia de GFSI, a programação esteve voltada para o futuro da segurança dos alimentos e como este setor depende da inovação, das parcerias público-privadas e do trabalho conjunto para entregar resultados à população.

Os discursos e as trocas de painéis deixaram claro que a segurança dos alimentos exigirá inovação e colaboração. Como resposta a esta demanda, ainda no primeiro dia de conferência, o GFSI anunciou uma parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para melhorar a segurança dos alimentos e os sistemas alimentares sustentáveis ​​na África. 

Adaptação ao Codex Alimentarius

Sessões de breakout e Tech Talks apresentaram algumas das vozes mais relevantes quando o assunto é food safety. Entre essas vozes estava Steve Wearne, da Agência de Padrões Alimentares do Reino Unido e da Comissão do Codex Alimentarius. O profissional referência na área destacou a necessidade de adaptação do CODEX. Além disso, Wearne transmitiu a mensagem de que a inovação e a sustentabilidade vão desempenhar um papel importante no futuro da segurança dos alimentos para todas as partes interessadas.

Vale relembrar que em junho de 2022, a GFSI e o Codex Alimentarius começaram a desenvolver uma nova orientação sobre fraude de alimentos. Na ocasião, um grupo de trabalho dedicado foi criado, composto por representantes da Nestlé, PepsiCo, The Coca-Cola Company e Danone.

Juntos, desempenham um papel vital na sustentação dos Requisitos de Benchmarking da GFSI e no reforço do mandato do Codex de valorizar a colaboração, a inclusão, a construção de consenso e a transparência. O Codex espera terminar este trabalho em 2024 ou 2025.

Qualificação de auditores para Programas de Certificação

Ainda no segundo dia de evento, a cofundadora do Portal e-food, Luciana Salles, também esteve em Atlanta acompanhando de perto os principais assuntos sobre questões urgentes na segurança dos alimentos. Ela destacou que neste ano o GSFI levou, de forma melhor estruturada, informações sobre a nova qualificação de auditores para Programas de Certificação. O programa, anunciado na conferência de 2022, não está finalizado, mas uma matriz já foi criada.

Luciana Salles, cofundadora do Portal e-food no GFSI 2023

“Esse ano eles estruturaram melhor e trouxeram uma matriz, mas que ainda não foi preenchida. No entanto, também trouxeram um conceito do que já foi apresentado e um cronograma para essa matriz ser desenvolvida ao longo deste e do próximo ano”, diz Luciana.

Segundo ela, muitas perguntas surgiram ao longo da sessão, principalmente em tom de preocupação sobre a avaliação que esse programa vai gerar e o quanto isso vai impactar na rotina das certificadoras, além dos próprios auditores. “A resposta que a Erica Sheward deu foi que a ideia deles é construir algo que seja aberto e disponível não somente para os stakeholders da indústria de alimentos, mas que eles possam sugerir melhorias e tempo de se adequar”, explicou.

Banco de dados de certificados

Outro destaque para o segundo dia de conferência salientado por Luciana Salles foi a discussão levantada sobre a necessidade de uma base única em gestão e desenvolvimento de gestores. Na plenária, apresentada para os participantes como uma espécie de brainstorming, a ideia é que a base de certificados sirva como base de consulta única, confiável e atualizada dos certificados emitidos.

“Esse ponto foi trazido em forma de discussão para entender quais seriam as dificuldades. Essa iniciativa todos reconhecem, mas algumas responsabilidades em torno disso ainda não estão definidas, como por exemplo: quem ficaria sendo uma base única, responsável pela manutenção?”, relembra a cofundadora. 

“Foi-se observado a necessidade de disponibilizar algo ágil, útil e simples, que não demore tanto tempo para ser gerado e que atenda às necessidades iniciais, mas que busque o desenvolvimento constante para que não demore muito para ser colocado no ar”, completou ela.

Vínculos entre: formuladores de políticas, acadêmicos e líderes de órgãos

O terceiro dia de conferência se aprofundou na criação de maiores vínculos entre formuladores de políticas, acadêmicos e líderes de segurança de alimentos de órgãos reguladores nacionais, regionais e internacionais.

Suas apresentações destacaram a oportunidade do GFSI de servir como uma ponte entre os setores público e privado, por meio do reconhecimento de padrões de propriedade e operação públicos. “No final das contas, estamos todos lutando pela segurança. Precisamos trabalhar juntos”, disse Ken Petersen, vice-administrador associado do Serviço de Marketing Agrícola do USDA, durante o debate de ontem (27) sobre o assunto.  

Outros especialistas técnicos apresentaram tópicos como avaliação de risco de alergênicos, como o Big Data pode melhorar a varredura do horizonte para patógenos, métodos de saúde animal para prevenir a salmonella e drones para auxiliar nas auditorias agrícolas.

A plenária final foi encerrada com as palavras de Erica Sheward, que convidou todos os presentes a se apoderarem do poder da narrativa e da transmissão de mensagens para “reunir as pessoas em torno de um propósito comum, educar e crescer”.

A próxima Conferência GFSI em 2024 já está confirmada e será realizada em Cingapura. Acompanhe o site oficial do GFSI: https://mygfsi.com/

 

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