O resultado das análises laboratoriais de água mineral vendida nas ruas da cidade do Rio de Janeiro chamou a atenção de autoridades nos últimos dias. Testes realizados pelo laboratório Tecma e dirigido pelo engenheiro químico e professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio (UERJ), Ghandi Giordano, apontou que das 30 amostras testadas, 28 estavam contaminadas. Em algumas amostras foi possível identificar até coliformes termotolerantes, que podem causar diarreia e outras doenças no consumidor. Os dados foram divulgados com exclusividade pelo jornal O Globo.
Além da análise, o laboratório e o professor da UERJ mediram os indicadores de pH e condutividade, os comparando com os registrados nas embalagens das garrafas plásticas vendidas por ambulantes. O pH avalia o nível de acidez da água, enquanto a condutividade é medida para determinar a facilidade com que a eletricidade circula pelo líquido.
Foi constatado que as garrafas sofreram adulterações depois que saíram da fábrica e não são autênticas. Segundo Ghandi Giordano, quatro amostras de uma mesma marca compradas em Campo Grande, Gericinó, Bangu e Del Castilho, regiões da Zona Norte do Rio de Janeiro, tinham níveis diferentes de pH e condutividade.
Ainda em entrevista ao jornal O Globo, o professor destacou que se o problema fosse na fonte, todas as amostras teriam a mesma composição. Uma outra constatação surpreendeu os pesquisadores. Em outra amostra, recolhida no Méier, também Zona Norte do Rio de Janeiro, a água estava clorada e, pelas características químicas, não havia sido processada na Estação de Tratamento do Guandu. Giordano acredita que a água da amostra seja de fora da capital do Rio.
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O esquema criminoso está sendo investigado pelas delegacias de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e do Consumidor (Decon). Os investigadores apuraram se criminosos desenvolveram o esquema de venda de água mineral adulterada para obter lucro.
Método
Em cada ponto da cidade, foram compradas três garrafas, sendo que uma para ficar como contraprova. Um técnico do laboratório acompanhou a coleta das amostras, que foram colocadas em embalagens térmicas. As proprietárias das marcas testadas enviaram ao Globo laudos do controle de qualidade dos lotes comprados, para mostrar que não saíram contaminados da indústria. Como não há indícios de que as fábricas foram responsáveis pelas fraudes, as empresas não foram identificadas. O mesmo foi feito com os ambulantes (Fonte: O Globo).