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‘Sommeliers de azeite’ vão ajudar na fiscalização destes produtos no Brasil

Voluntários serão ensinados pelo MAPA a detectar os aromas e sabores característicos de um azeite de oliva de boa qualidade

Produto indispensável na cozinha dos brasileiros, o azeite ainda é um dos principais alvos de fraudes. Em dezembro de 2021, por exemplo, uma apreensão deixou as autoridades em alerta para a ocorrência deste crime. Na ocasião, cerca de 150 mil garrafas de azeite de 24 marcas foram retiradas da venda em seis estados do país por irregularidades.

Em uma tentativa de combater a ação dessas organizações criminosas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) chamou voluntários especializados em identificar se o produto é verdadeiro, virgem ou extravirgem.

O Painel de Análise Sensorial, nome dado ao grupo, será composto por cerca de 12 voluntários que serão treinados semanalmente por membros do Conselho Oleícola Internacional (COI) em encontros online e presenciais, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os “sommeliers de azeite”, serão ensinados a detectar os aromas e sabores característicos de um azeite de oliva de boa qualidade.

Como o Painel vai funcionar?

Os ensaios sensoriais basicamente consistem na identificação e quantificação da intensidade de uma série de atributos sensoriais do azeite de oliva virgem, que podem ser positivos, intrínsecos ao produto de boa qualidade, como aromas frutados, sabor amargo e sensação de pungência; ou podem ser negativos, produzidos a partir de processos inadequados de produção, matéria prima de baixa qualidade ou mau armazenamento: por exemplo, aroma e sabor rançosos; aromas de fermentação anaeróbica ou aeróbica; aromas e sabores de mofo etc.

Então, conforme a presença de aromas frutados e a presença ou não de aromas ou sabores negativos indicados por esse grupo de pessoas, o chefe de painel emite um certificado dizendo se aquele azeite é virgem, extravirgem ou lampante, que é como os azeites virgens são classificados pela legislação brasileira.

Especialista fala sobre o azeite ser o campeão de fraude

Em 2021, o Portal e-food conversou com a doutora, mestre e pós-graduada em Higiene, Inspeção e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal Fluminense, Julia Simões para entender o motivo do azeite ser o campeão de fraudes no Brasil. 

A especialista listou três fatores que contribuem diretamente para o azeite ocupar esta desagradável posição. Primeiro, pela facilidade de obtenção de óleos vegetais de menor valor comercial (óleos de soja, milho, azeite lampante etc.). O segundo fator é pela dificuldade em perceber sensorialmente as alterações no produto, em sua maioria pelos consumidores. O terceiro deve-se à falta de agentes fiscalizadores com competência técnica para barrar esse tipo de ação.

A profissional analisou que as fraudes mais comuns no azeite não implicam em risco à saúde do consumidor, mas geram um prejuízo econômico ao se pagar mais por um produto de qualidade inferior.

“Muitas vezes utiliza-se até o azeite lampante para fraudar o azeite extravirgem, o que dificulta a identificação por avaliação sensorial e análises químicas tradicionais. Para isso, é necessário um laboratório equipado com instrumentos de alto custo e extremamente sensíveis, que muitas vezes não existe em laboratórios oficiais”, alerta ela.

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