Nem mesmo quem conseguiu produzir pode distribuir, por falta de embalagens de plásticos, papelões ou vidros. De acordo com José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a estimativa é que este cenário permaneça até início de 2021.
“Há falta de matéria-prima para produção e o que está disponível teve seu preço brutalmente aumentado. As 12 mil empresas do setor plástico no Brasil têm capacidade de atender a demanda interna e inclusive a demanda externa, mas a falta e o encarecimento da matéria-prima nos impedem de crescer”, analisa ele.
Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a falta de insumos no mês de outubro, em 14 de 19 segmentos da indústria, foi significativamente maior desde 2001. Fator esse que culminou em uma onda de incertezas sobre a normalização do setor industrial, que não apostava em uma recuperação tão rápida do mercado.
Mas afinal, o que de fato causou essa escassez? A resposta pode ser encontrada em dois fatores diretamente ligados. O primeiro fator é a pandemia causada pela Covid-19, que forçou a produção de insumos durante o pico do coronavírus nos meses de abril e maio, ao mesmo tempo em que os serviços que exigiam maior uso de embalagens, como o serviço ‘take away’ e o delivery, entraram em uma crescente.
O segundo fator é o aumento da demanda externa de outros países, em especial da China. Com a moeda do real desvalorizada em relação ao dólar, o mercado se inclinou em exportar mais do que vender para o mercado interno.
O reflexo disso está sendo vivenciado nestes últimos meses, num momento em que o mercado reaquece e recebe níveis de demandas muito acima do previsto, somado à demanda das datas festivas de final de ano.