Portal colaborativo para profissionais, empresas, estudantes e professores da área de Segurança de Alimentos.

Batalha do Champanhe: Brasil foi barrado com a nova lei de rotulagem da Rússia?

Presidente Vladimir Putin decretou que só espumante russo poderá ser chamado de champanhe dentro do seu território

Provavelmente o assunto sobre a Batalha do Champanhe, iniciada na última semana pela Rússia, emergiu na mídia. A batalha foi iniciada após uma nova lei de rotulagem, imposta pelo presidente russo Vladimir Putin, onde ficou decretado que apenas o espumante russo poderia levar no rótulo a identificação de champanhe, o shampanskoe (em russo).

Essa lei abalou em especial os franceses, detentores da nomenclatura, que possuem até um lugar na França que carrega o nome, a região de Champagne, localizada no nordeste do país. Além da instabilidade nas relações diplomáticas, a nova rotulagem trouxe algumas dúvidas, já que os fabricantes de champanhe na Rússia não terão que usar esse tipo de rótulo. Os franceses passaram a alegar que eles estariam se apropriando indevidamente do nome.

Em mais de 120 países, o nome champanhe tem o seu status protegido e reservado apenas para o vinho espumante da região de Champagne, da França. No Brasil, há apenas uma única vinícola brasileira que tem o direito de usar o termo champanhe no rótulo de seus produtos, é a Peterlongo. Sediada em Garibaldi, no Rio Grande do Sul, a vinícola conseguiu manter o seu status pois já produzia espumantes pelo método tradicional, elaborado e envelhecido por 36 meses em caves subterrâneas, quando o Tratado de Versalhes ratificou o Protocolo de Madri (1891), que concedeu à França a exclusividade da nomenclatura.

Em uma reportagem realizada pela revista Veja em 2018, foi lembrado que na primeira metade do século 20, vinícolas francesas chegaram a questionar a utilização do termo champanhe em rótulos brasileiros. No entanto, em 1974, o Supremo Tribunal Federal (STF), não deu prosseguimento com o questionamento e a Peterlongo teve reconhecido o seu direito de obter a denominação.

Na ocasião, o STF levou em conta para a decisão o fato de a vinícola ter sido a primeira a plantar uvas viníferas brancas no Brasil e de importar leveduras de alta qualidade da França. Mesmo com tamanha importância e exclusividade, a vinícola perdeu nos últimos anos o bom posicionamento no mercado, optando por produtos com valores mais populares, por isso não compete com grandes vinícolas fora do Brasil. Mas caso a Peterlongo deseje criar laços comerciais com a Rússia, eles também terão que deixar de lado a nomenclatura.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia mais