A investigação coordenada pela Polícia Civil do Espírito Santo desarticulou uma organização criminosa que vendia óleo de soja no lugar da categoria de azeite indicada no rótulo da embalagem.
Veja a lista das marcas proibidas:
- Casalberto, Conde de Torres, Donana (Premium), Flor de Espanha, La Valenciana, Porto Valência, Serra das Oliveiras, Serra de Montejunto e Torezani (Premium)
Produto indispensável na cozinha dos brasileiros, a operação da Polícia Civil acendeu um alerta para todos os usuários do produto e aumentou a procura por técnicas que possam identificar o produto que sofreu alteração. Para sanar as dúvidas e esclarecer o motivo do azeite ser considerado um dos campeões em fraude no mundo todo, o Portal e-food conversou com a doutora, mestre e pós-graduada em Higiene, Inspeção e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal Fluminense, Julia Simões, 35 anos, profissional que há 10 anos atua no controle físico-químico de alimentos e Médica Veterinária.
A especialista listou três fatores que contribuem diretamente para o azeite ocupar esta desagradável posição. Primeiro, pela facilidade de obtenção de óleos vegetais de menor valor comercial (óleos de soja, milho, azeite lampante e etc.). O segundo fator é pela dificuldade em perceber sensorialmente as alterações no produto, em sua maioria pelos consumidores. O terceiro deve-se à falta de agentes fiscalizadores com competência técnica para barrar esse tipo de ação.
Julia afirma que esta não é a primeira vez que notícias sobre fraude de azeite repercutem na mídia. De acordo com a especialista, este período de festas de final de ano é bastante propício para descobrir casos como este devido ao aumento no consumo do produto. “A orientação é sempre pesquisar em sites oficiais como os do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Vigilância Sanitária do Município ou Estado e noticiários confiáveis. Geralmente, uma empresa que tem a praxe de fraudar o produto estará envolvida em episódios recorrentes. É um trabalho minucioso que demanda equipe técnica capacitada, análises laboratoriais sensíveis e denúncias”, diz a especialista.
A profissional analisa que as fraudes mais comuns no azeite não implicam em risco à saúde do consumidor, mas gera um prejuízo econômico ao se pagar mais por um produto de qualidade inferior. “Muitas vezes utiliza-se até o azeite lampante para fraudar o azeite extra-virgem, o que dificulta a identificação por avaliação sensorial e análises químicas tradicionais. Para isso, é necessário um laboratório equipado com instrumentos de alto custo e extremamente sensíveis, que muitas vezes não existe em laboratórios oficiais”, alerta ela.
Diante deste cenário, é de responsabilidade do consumidor redobrar a atenção nos noticiários, conferir se a embalagem não está violada, ou se apresenta alguma alteração, e buscar sempre os produtos que já estão consolidados no mercado. “Isso não nos isenta do risco, mas diminui muito a chance de sermos enganados”, afirma a especialista.