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Tese de doutorado trouxe melhorias na rotulagem de açúcares

A pesquisa avaliou as informações sobre os açúcares na rotulagem de alimentos industrializados comercializados no Brasil e investigou se os formatos de rotulagem estavam sendo compreendidos pelos consumidores nos mercados

Uma tese de doutorado defendida pela nutricionista Tailane Scapin, em maio deste ano, na pós-graduação em Nutrição (PPGN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e publicada em 2018, ajudou a Anvisa a trazer melhorias na rotulagem de alimentos, incluindo a declaração dos açúcares em outubro de 2020. A pesquisa em questão avaliou as informações sobre os açúcares na rotulagem de alimentos industrializados comercializados no Brasil e investigou se os formatos de rotulagem estavam sendo compreendidos pelos consumidores nos mercados.

O estudo se destacou pois trouxe uma informação nova sobre as questões relacionadas aos açúcares e à rotulagem de alimentos, já que na ocasião a legislação de rotulagem de alimentos em vigor não previa a declaração quantitativa dos açúcares na informação nutricional dos rótulos. Com isso, a lista de ingredientes era a única forma do consumidor conseguir detectar a adição de açúcares nos alimentos industrializados. 

Há ainda outro ponto que moveu a pesquisa da nutricionista: o fato dos fabricantes de alimentos utilizarem diferentes tipos de açúcares em seus produtos, dificultando a identificação desses componentes.

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A pesquisa foi dividida em quatro etapas e resumida em uma publicação no site da UFSC:

Coleção de dados

Na primeira etapa, por meio do desenvolvimento de um método, foi possível quantificar o conteúdo de açúcares adicionados em 4.805 alimentos disponíveis para a venda no maior supermercado de Florianópolis. Os resultados demonstraram o vasto uso de açúcares nesses produtos.

Identificação de açúcares adicionados em alimentos embalados

A segunda etapa envolveu uma revisão de literatura para identificar quais formatos de rotulagem de açúcares eram mais facilmente entendidos pelos consumidores e, também, estimularam a escolha de alimentos com menos açúcares. Foi possível constatar que os consumidores têm mais facilidade em entender as informações de açúcares e de escolher alimentos com menor teor de açúcares quando formatos de rotulagem mais interpretativos eram utilizados. Por exemplo, formatos com símbolos de alertas e indicação de “alto em açúcar” foram mais eficazes.

Discussão em grupos 

A terceira fase envolveu a realização de grupos de discussão (grupos focais) com estudantes universitários residentes na região da Grande Florianópolis para buscar as percepções desse público sobre açúcares e rotulagem de alimentos. Os resultados demonstraram desconhecimento dos participantes sobre os tipos de açúcares, os efeitos à saúde, as recomendações de quanto consumir por dia, bem como discutiram que o atual formato de rotulagem de alimentos no Brasil não é considerado útil para auxiliar nas escolhas alimentares quando o assunto é açúcar. Os participantes também sugeriram como eles gostariam que os rótulos apresentassem as informações sobre os açúcares.

Resultado 

A última etapa envolveu uma pesquisa on-line com 1.277 consumidores adultos de diferentes regiões do Brasil. Os participantes viram diferentes formatos de rotulagem de açúcares e responderam a questões. Os resultados demonstraram que os participantes conseguiram, corretamente, identificar produtos com mais ou menos açúcar quando o conteúdo de açúcar era declarado na tabela de informação nutricional. Além disso, participantes que viram símbolos de alertas escolheram produtos com menos açúcar em uma tarefa de escolha de alimentos.

Com base nesses resultados, o estudo evidencia a vasta adição de açúcares em alimentos industrializados comercializados no Brasil, o que pode contribuir com o excesso no consumo desses açúcares para além do recomendado pela OMS. Além disso, ficou evidente a relevância na declaração do conteúdo de açúcares nos rótulos de alimentos embalados, bem como a interpretação dessa informação para os consumidores.

Informações adicionais:

O estudo foi realizado no âmbito do Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (Nupre) e realizada com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Leia a pesquisa na íntegra: Uso de açúcares adicionados em alimentos embalados vendidos no Brasil

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