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Pesquisadoras criam método para detectar agrotóxicos em abelhas

O estudo vai ajudar os produtores de mel a identificar previamente se esses insetos estão expostos ou sendo intoxicados ao produto

Preocupadas com a mortandade de abelhas e abandono de colmeias devido ao uso extensivo de agrotóxicos na agricultura, pesquisadoras do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) desenvolveram um estudo que vai ajudar os produtores de mel a identificar previamente se esses insetos estão expostos ou sendo intoxicados por agrotóxicos. Esta verificação é fundamental para que o prejuízo da transferência de colmeias para outro local seja evitado, por exemplo.

Em uma publicação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) sobre o estudo, foi explicado que “a determinação de agrotóxicos em matrizes biológicas, como no organismo das abelhas, é uma tarefa difícil de ser executada, já que geralmente os produtos se encontram em concentrações extremamente baixas. Isso faz com que, pelos métodos convencionais, centenas ou até milhares de abelhas sejam sacrificadas para que os equipamentos consigam detectar os agrotóxicos, correndo ainda o risco de não encontrá-los”.

Diante deste cenário, as pesquisadoras desenvolveram uma técnica acessível, econômica e rápida, que exige quantidades bem menores desses insetos para que nanogramas de agrotóxicos sejam identificados nos tecidos de abelhas, no pólen presente nas colmeias e no mel.

O método

Foram usadas duas espécies de abelhas: as africanizadas (Apis mellifera L.) e as nativas jataí (Tetragonisca angustula). Usando um número bem menor de abelhas, os resultados foram satisfatórios, segundo os estudiosos. No método tradicional, foram usadas cerca de 150 abelhas da espécie Apis mellifera L. (cerca de 15 gramas) para que os agrotóxicos fossem identificados, mas no trabalho realizado no IQSC-USP, com apenas três polinizadoras (0,3 grama), esse resultado já foi possível de se obter, ou seja, um número 50 vezes menor.

Detecção de agrotóxicos no tecido das abelhas: com 10 abelhas (0,03 grama) as pesquisadoras conseguiram identificar os agroquímicos, enquanto no método tradicional seria preciso usar 5 mil abelhas (15 gramas).

Na prática

As pesquisadoras coletaram uma quantidade de abelhas trituradas e misturadas com acetonitrila (solvente). A mistura é agitada e alguns sais são adicionados, fazendo com que os agrotóxicos, se presentes, saiam do tecido das abelhas e se juntem ao solvente, que tem grande afinidade com o produto orgânico.

A mistura é colocada na centrifugação, que separa dos sais e das abelhas, permitindo que a parte líquida, composta pelo solvente e pelos agrotóxicos, seja retirada e colocada em um equipamento que faz a separação dos produtos químicos, intitulado cromatógrafo. Em seguida, os produtos são enviados para outro aparelho, intitulado espectrômetro de massas, responsável por detectar e quantificar os agrotóxicos.

Para obter mais informações sobre a pesquisa, acesse a Agência Fapesp. Neste site, as pesquisadoras comentaram o processo e o método de pesquisa foi exposto na íntegra.

 

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