Mais de 90 profissionais da área de segurança de alimentos participaram simultaneamente do 16º Fórum Portal e-food: Programas de food fraud & food defense: o que considerar?, realizado na tarde desta quarta-feira (17/07), no formato online. O evento, promovido pelo Portal e-food e patrocinado pela BRCGS e QIMA/WQS, foi considerado de grande relevância para profissionais que atuam com foco na qualidade e segurança dos alimentos, sejam eles da produção, qualidade, laboratório, transporte ou armazenamento.
Ao todo, quatro especialistas convidados responderam perguntas com foco central nos programas voltados para a proteção dos alimentos contra adulterações intencionais. Jhonatas Moraes, especialista em Gestão da Segurança dos Alimentos, com mais de 12 anos de experiência nas áreas de pesquisa e desenvolvimento e qualidade, iniciou a mesa redonda explicando a diferença entre food defense e food fraud.
FOOD DEFENSE: processo para garantir a segurança de alimentos ou embalagens contra todas as formas de ataques intencionais, que levam à contaminação ou que tornam os produtos inseguros.
FOOD FRAUD: termo que abrange a adulteração deliberada e intencional de alimentos, declarações falsas ou enganosas feitas sobre um produto para ganho econômico que podem impactar na saúde dos consumidores.
Conforme explicado por Jhonatas Moraes, deve-se considerar no plano de defesa dos alimentos e de mitigação de fraude em alimentos a clareza ao questionamento: “Quem podem ser as partes envolvidas em situações de sabotagem e fraude em alimentos?” E reforça que além dos fornecedores de matérias-primas e insumos e os prestadores de serviços também merecem atenção dentro deste contexto.
“Devemos avaliar todas as etapas produtivas de modo a identificar potenciais aspectos de prática de fraude, e assim estabelecer quais ações de controle serão necessárias para eliminar esse cenário. Se já existem monitoramentos que evidenciam a não prática de fraude, é importante manter a continuidade dos mesmos”, diz o especialista.
Em complemento à resposta do Jhonatas, o Doutor em Tecnologia e Ciência de Alimentos, Léo Oliveira, sugere que é preciso entender quais são as principais vulnerabilidades da empresa e manter isso no radar dos profissionais envolvidos. Ainda segundo ele, as pessoas chave da empresa, começando pela presidência, devem ser envolvidas na análise de ameaças para o food defense e fraude em alimentos.
Já o especialista em Segurança de Alimentos e analista técnico na QIMA/WQS, André Teixeira, citou algumas fontes confiáveis sobre fraude em alimentos para compreensão do contexto sobre o assunto em relação aos diferentes tipos de cadeias de abastecimento. Ele explicou que a mídia tem destacado alguns casos de food fraud e que isso traz relevância ao assunto, no entanto, não pode ser considerada a única fonte a ser usada para profissionais da indústria de alimentos.
“A mídia tem trazido alguns casos e isso dá relevância ao assunto, mas precisamos de dados mais robustos. No Brasil, temos atualmente o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nesses sites conseguimos ver as informações de formas mais organizadas. Já nos Estados Unidos, tem a Food and Drug Administration (FDA)”, diz.
O uso do recurso de simulados ou exercícios na indústria de alimentos para situações envolvendo fraude em alimentos também entrou em debate na mesa redonda. Para a Engenheira de Alimentos Patrícia Nikaedo, o uso destes recursos é válido, mas com ressalvas. Segundo a especialista, para fazer testes específicos é preciso obter amplo conhecimento do mesmo, pois envolve riscos. Uma outra opção para testar a capacidade de reação diante de cenários de desproteção de alimentos ou situações envolvendo fraude, são as auditorias internas, diz a palestrante, que possui 22 anos de experiência na área de segurança dos alimentos.
Ao final do 16º Fórum, os profissionais tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a importância destes programas, compreendendo como as práticas atuais podem ser aprimoradas para atender às exigências crescentes de qualidade e segurança dos alimentos. Foi promovida discussões construtivas para profissionais que buscam elevar os padrões de qualidade e mitigar riscos de segurança dos alimentos nas suas operações.
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