Há mais de três semanas que o mundo não consegue tirar os olhos do território ucraniano. A guerra iniciada pela Rússia no país segue trazendo impactos expressivos, não apenas no continente europeu, mas para todo o mundo. Em especial na última semana, muito se falou sobre a alta do petróleo e os embargos na importação. Ensaio de uma greve entre os caminhoneiros, impacto na importação de fertilizantes e aumento no preço da cadeia do plástico estão sendo reflexos desta guerra.
A Rússia é a maior exportadora mundial de fertilizantes e a maior fornecedora do Brasil nessa área. Já o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Andas), mais de 85% dos fertilizantes utilizados no país são importados, com um mercado dominado por poucos fornecedores. Isso significa que o setor fica mais vulnerável às oscilações do mercado internacional, como é o exemplo do atual cenário.
Na última semana, em um comunicado, o Ministério do Comércio e Indústria da Rússia recomendou aos produtores de fertilizantes do país que suspendessem temporariamente as exportações para alguns países, mas o Brasil não apareceu nesta lista. No entanto, a maior preocupação é em relação ao fornecimento de fertilizantes da Rússia para o plantio da safra 2022/2023, pois a agricultura brasileira está encontrando dificuldades no transporte pelo mar, devido à guerra em andamento.
Antecipação do Plano Nacional de Fertilizantes
Diante deste cenário delicado, o governo brasileiro antecipou o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) com foco nas principais ligações da cadeia produtiva: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental. O plano, lançado no dia 11 de março, é uma referência para o planejamento do setor até 2050.
Um dos principais objetivos do PNF é dar autonomia ao Brasil, com um percentual reduzido de dependência externa para o fornecimento dos fertilizantes ao produtor. A estimativa é que 85% daqueles utilizados no Brasil sejam importados, em um mercado global com poucos fornecedores. Com o Plano, o governo estima diminuir a dependência de importações, em 2050, dos atuais 85% para 45%.
Os fertilizantes são responsáveis por fornecer nutrientes para as plantas, por isso são essenciais para que o Brasil siga na posição de quarto maior produtor mundial de grãos, sendo responsável por 7,8% da produção total mundial.
Uso de fertilizantes no Brasil
Entre as culturas que mais requerem o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional. O principal nutriente utilizado pelos produtores brasileiros é o potássio (38%). Na sequência, aparecem o fósforo, com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%.
Os produtos chegam ao país vindos, sobretudo, da Rússia, da China, do Canadá, do Marrocos e da Bielorrússia, de acordo com dados do Ministério da Economia. Completando a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021 estão os Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha.
Aumento do preço do plástico afeta diretamente o setor de alimentos
A crise da indústria do petróleo, em decorrência da guerra na Ucrânia, também afeta o setor de plástico. Este cenário acontece porque a principal matéria-prima na cadeia do plástico é o petróleo, que atingiu sua maior alta desde 2008, custando US$130 por barril. Como divulgado pelo site Plástico Virtual, atualmente, a Rússia é responsável pela exportação de cerca de R$1.310,64 bilhão em material para produção do plástico para o Brasil. Neste cenário, o ajuste no preço do plástico traz uma resposta em cadeia, uma vez que, a guerra na Ucrânia impede que o país atenda a demanda brasileira.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a construção civil representa 23,1% do consumo de plástico no Brasil, sendo o segmento mais consumidor dessa matéria-prima. Em seguida, vem o setor de alimentos com 20,4% e o de Artigos de Comércio em atacado e varejo com 9,1%.