Você sabia que a ISO 22000:2018 contém requisitos que podem passar despercebidos, mas são fundamentais para a eficácia do seu sistema de gestão de segurança de alimentos?
Embora a norma estabeleça diretrizes claras, existem elementos implícitos que são cruciais e podem impactar diretamente a segurança de alimentos na sua organização. Vamos explorar esses requisitos ocultos e como implementá-los para fortalecer sua gestão.
A seguir, discutiremos sete aspectos importantes que muitas vezes são negligenciadas e que, se abordadas corretamente, podem transformar a maneira como sua empresa lida com a segurança dos alimentos. Prepare-se para descobrir insights que podem ser a chave para evitar falhas críticas.
Cultura de Segurança de Alimentos
Embora a ISO 22000:2018 não mencione diretamente o termo “cultura de segurança de alimentos”, ele está implícito nos requisitos de liderança e comprometimento (Seção 5.1) e conscientização (Seção 7.3). A criação de uma cultura forte de segurança de alimentos, onde todos os níveis da organização compreendem e priorizam a segurança do alimento, é fundamental para a eficácia do sistema. Sem uma cultura sólida, os colaboradores podem seguir os procedimentos apenas formalmente, sem entender a relevância de suas ações, o que pode levar a falhas operacionais e incidentes.
Dica: Desenvolva um programa de treinamento continuado que não apenas ensine os procedimentos de segurança de alimentos, mas também promova a importância de uma mentalidade de perigo e risco em todos os níveis da organização. Realize workshops e reuniões regulares para discutir a importância da segurança de alimentos e reconhecer bons comportamentos relacionados.
Monitoramento de Questões Externas e Internas
A norma exige que as organizações antecipem contextos e respondam a necessidades e expectativas externas que possam afetar o sistema de gestão (Seção 6.1 – Ações para abordar riscos e oportunidades), mas não detalha claramente como as empresas devem monitorar essas questões. Isso inclui monitorar mudanças em regulamentações, tendências de mercado, novos riscos e avanços científicos. A falta de um sistema formal de monitoramento de fontes externas pode deixar a organização signatária desta norma vulnerável a novos perigos ou requisitos legais.
Dica: Estabeleça uma equipe ou designe uma pessoa responsável pelo monitoramento de fontes externas, como atualizações regulatórias, alertas de segurança de alimentos e novas pesquisas. Utilize ferramentas de alerta, como assinaturas de newsletters e notificações de órgãos reguladores, e artigos colaborativos com fonte reconhecida como Portal e-Food, para garantir que todas as mudanças relevantes sejam acompanhadas e integradas ao sistema de gestão.
Engajamento de Fornecedores e Terceiros
A ISO 22000 exige que os fornecedores e prestadores de serviços sejam gerenciados adequadamente para garantir a segurança dos alimentos (Seção 7.1.6 – Controle de processos, produtos ou serviços fornecidos externamente). No entanto, a norma não detalha extensivamente como esse engajamento deve ocorrer de maneira eficaz. Gerenciar proativamente fornecedores e partes externas, assegurando que eles estejam alinhados com os padrões de segurança da organização, é essencial para controlar perigos que possam surgir de ingredientes ou serviços adquiridos.
Dica: Crie um programa de avaliação e auditoria de fornecedores que inclua requisitos claros de segurança de alimentos. Realize reuniões regulares com fornecedores para discutir questões de segurança de alimentos e atualizações de processos, e estabeleça contratos que especifiquem as expectativas de conformidade com os padrões de segurança de alimentos.
Análise crítica dos resultados de verificação e validação
A ISO 22000 exige que as organizações conduzam verificações (Seção 8.8), mas o nível de detalhamento exigido pode ser ambíguo. A análise crítica dos dados coletados através de verificações, auditorias e validações é muitas vezes subestimada, e a norma não explica claramente como as organizações devem interpretar ou usar esses dados. Sem uma análise crítica adequada, falhas potenciais nos controles podem passar despercebidas, e a oportunidade de melhoria contínua pode ser perdida.
Dica: Após realizar verificações e validações, organize reuniões de análise crítica para revisar os resultados e discutir ações corretivas. Utilize métodos estatísticos para analisar dados de monitoramento e identificar padrões ou áreas de preocupação que precisam ser abordadas. E claro, foco em interpretar tendências para reagir, observando possíveis desvios por falsos negativos, entre outros.
Gestão da comunicação efetiva
A norma destaca a importância da comunicação (Seção 7.4), tanto interna quanto externa, mas não detalha de maneira exaustiva como essa comunicação deve ser estruturada e mantida. Muitas organizações tratam a comunicação como algo secundário, sem um sistema formal para assegurar que informações críticas sobre segurança de alimentos cheguem a todas as partes interessadas. A falta de comunicação clara pode resultar em mal-entendidos sobre procedimentos, perigos ou requisitos, levando a falhas operacionais e comprometendo a segurança de alimentos.
Dica: Desenvolva um plano de comunicação formal que inclua políticas para a comunicação interna e externa sobre segurança de alimentos. Crie canais de comunicação claros e estabeleça processos para garantir que informações críticas sejam compartilhadas eficientemente as partes interessas que precisam ser informadas, incluindo funcionários, clientes e órgãos reguladores.
Gestão do conhecimento organizacional
Embora a ISO 22000 trate de competência e conscientização (Seção 7.2 e 7.3), a gestão do conhecimento organizacional como um ativo não é explicitamente mencionada. Assegurar que o conhecimento crítico, como boas práticas de segurança de alimentos e lições aprendidas, seja documentado e transferido entre as gerações de colaboradores é vital. A ausência de uma estratégia formal de gestão do conhecimento pode levar à perda de informações valiosas, especialmente quando colaboradores saem da empresa, comprometendo a continuidade dos controles e práticas de segurança de alimentos.
Dica: Crie um banco de dados centralizado de conhecimento que inclua procedimentos, melhores práticas, lições aprendidas e registros históricos de segurança de alimentos. Implemente um sistema de mentorias para garantir que o conhecimento crítico seja transferido e documentado, especialmente quando há alta rotatividade de funcionários.
Mapeamento de processos
O mapeamento de processos é um requisito oculto da ISO 22000 no item 4.4 porque, embora não seja explicitamente mencionado, é essencial para garantir o funcionamento eficaz do sistema de gestão da segurança dos alimentos. Ele facilita a identificação de riscos, controles críticos e a interdependência entre processos, garantindo que todas as etapas estejam alinhadas com os objetivos de segurança.
Dica: Identifique os principais processos relacionados à segurança dos alimentos: Mapeie entradas, saídas e interações entre os processos, destacando PCCs e PPROs e atribua responsabilidades claras. Documente e monitore os processos regularmente para garantir sua eficácia e melhoria contínua.
Esses requisitos implícitos são essenciais para garantir uma gestão robusta de segurança de alimentos. Implementá-los adequadamente pode ajudar a evitar falhas críticas no sistema de gestão, promovendo uma abordagem mais preventiva e eficaz.
Revise sua estratégia de gestão de segurança de alimentos hoje mesmo! Identifique quais desses requisitos ocultos podem estar faltando em sua organização e comece a implementar as dicas apresentadas. A segurança dos alimentos não é apenas uma responsabilidade, mas um compromisso que pode impactar a saúde e a confiança de seus clientes. Conhece algum outro requisito oculto não mencionado neste artigo? Que tal compartilhar conosco? Deixe nos comentários.
REFERÊNCIAS:
ISO 22000:2018. Food safety management systems — Requirements for any organization in the food chain. International Organization for Standardization.