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Contaminantes Químicos em Alimentos

Iminência de riscos da contaminação química em alimentos

   Segurança de alimentos é um tema cada vez mais relevante, não somente para a indústria de alimentos, mas também para os consumidores mais conscientes em relação a escolhas alimentares mais saudáveis em prol da saúde e qualidade de vida. Essa preocupação impulsiona a indústria a adotar medidas que garantam a inocuidade dos produtos, evitando a ocorrência de contaminação durante os processos da cadeia produtiva.

      Contaminantes são definidos como “qualquer substância indesejável presente no alimento como resultado das operações efetuadas no cultivo de vegetais, na criação de animais, nos tratamentos zoo ou fitossanitários, ou como resultado de contaminação ambiental ou de equipamentos utilizados na elaboração e/ou conservação do alimento” (ANVISA, 1997).  Na indústria alimentícia, dentre os riscos de contaminação que podem ocorrer nos processos de produção de alimentos, está a contaminação química, ou seja, a presença de substâncias que não fazem parte de componentes naturais do alimento em si e que podem causar problemas à saúde dos consumidores. 

      De acordo com Midio e Martins (2000), as contaminações químicas podem ocorrer de forma direta, em consequência do uso de aditivos em altas concentrações, como corantes, adoçantes e conservantes ou de forma indireta, através de substâncias permitidas ou não (hormônios e antibióticos, praguicidas e substâncias que migram das embalagens para os alimentos), que ultrapassam os limites máximos permitidos. Os aditivos utilizados em alimentos devem ser submetidos a análise toxicológica, conforme a Portaria nº 540 / 1997, e é de responsabilidade da ANVISA a avaliação e registro dos mesmos (ANVISA, 2018). 

      Dentre os fatores que podem contribuir para contaminação química dos alimentos, estão:

  • Utilização de produtos sem procedência e indicação adequada de uso.
  • Descuidos como: erros na quantidade de produto utilizado, troca de produtos, armazenamento no mesmo galpão e transporte no mesmo caminhão de produtos químicos e alimentos, entre outros.
  • Uso incorreto e/ou exagerado de agroquímicos durante a produção ou armazenamento.

      Alguns exemplos de contaminantes químicos são: água sanitária, detergente, inseticida, lubrificante e desengordurante. Em muitos casos, a substância química contaminante é proveniente de produtos utilizados regularmente na indústria de alimentos e, que ao serem manuseados de forma inadequada, deixam resíduos indesejados nos alimentos e/ou ocorrer também o contato com o alimento de forma acidental. Outros principais perigos químicos são:

Agrotóxicos: produtos químicos aplicados para combater pragas e agentes de doenças no cultivo. Alguns agrotóxicos são considerados venenos e podem causar sérios problemas à saúde, inclusive por quem manipula esse tipo de produto, sendo necessário uso de equipamento de proteção (EPI) para o manuseio. Por este motivo, é importante cuidados como:

  • Seleção de agrotóxico de acordo com a sua classificação e registro. 
  • Aplicação correta e em doses adequadas.  
  • Respeitar ao período de carência do produto antes da colheita.

Fertilizantes:  fertilizantes nitrogenados formam nitratos e nitritos e seu uso em excesso, causa acúmulo de produto nas plantas. Alguns fertilizantes podem conter metais pesados como, por exemplo, mercúrio, chumbo, cádmio e cromo, que podem ser acumulados pelas plantas e atingir níveis perigosos para a saúde humana. Metais pesados também podem ser encontrados no solo e na água. Por isso é imprescindível controle rigoroso da água utilizada e fazer análise para avaliação da qualidade. 

      Contaminantes químicos são substâncias potencialmente tóxicas a saúde e seus efeitos dependem da toxicidade da substância, da quantidade ingerida e das características do indivíduo. O consumo frequente de alimentos contaminados com esses compostos pode afetar órgãos e causar sérios problemas de saúde, como câncer, danos cerebrais, alergias, aborto, deformação fetal, entre outras doenças. Em altas doses, podem causar intoxicação aguda, envenenamento e até levar a óbito. Entretanto, muitos desses efeitos apresentam característica crônica, surgindo após anos de exposição, o que dificulta associar o tipo de contaminante que desencadeou o quadro (WHO, 2002).

      No Brasil, a ANVISA e o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) são responsáveis pelo controle de segurança e qualidade dos alimentos. Sendo a ANVISA órgão regulador que controla e fiscaliza embalagens, aditivos alimentares, insumos presença de resíduos de pesticidas e contaminantes químicos, como micotoxinas e metais pesados (ANVISA, 2018). Já o MAPA realiza o gerenciamento de risco dos medicamentos veterinários em produtos de origem animal, através do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC/Animal) (CAVALLI, 2001; SALES, ROCHA, BRESSAN, 2015; MAPA, 2018).

      Nesse sentido, a avaliação de risco é de extrema importância para o desenvolvimento de padrões alimentares seguros, pois é através dos resultados que se avalia os possíveis danos em relação a presença desses compostos nos alimentos à saúde do consumidor (SLOVIC, 1987). Sendo essencial para definição de limites regulatórios e para a descoberta e identificação de novos contaminantes químicos. 

      A contaminação química de alimentos é um risco na cadeia produtiva, por isso a importância do papel regulatório e dos processos adequados em conformidade com as normativas, como medidas de prevenção a esse tipo de contaminação. Pois o impacto causado à saúde da população é tema cada vez mais relevante devido as possíveis consequências associadas e vem sendo alvo de constante preocupação aqueles que buscam por uma alimentação mais saudável e promoção a qualidade de vida. 

Artigo escrito por: Jéssica Steiger Bittencourt

Nutricionista – CRN16164D

Itapema/SC, 26 de setembro de 2023

 

Referências

  • ANVISA. Agrotóxico, Pesticida e Herbicida, 2018. 
  • CAVALLI, S.B. Segurança alimentar: a abordagem dos alimentos transgênicos. Revista de Nutriçâo, 14 (0): 41–46, 2001.
  • MAPA. Resultado PNCRC 2015, 2018.
  • MIDIO, A.F.& MARTINS, D.I. Toxicologia de Alimentos. 1. ed. São Paulo. Livraria Varela, 2000.
  • SALES, R.L.; ROCHA, J.L.M.; BRESSAN, J. Utilização de hormônios e antibióticos em produtos alimentícios de origem animal: aspectos gerais e toxicológicos.Nutrire, 40 (3): 409–420, 2015.
  • WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Report of the 2 nd International Workshop on Total Diet Studies, Food Safety Programme, Departament of the Human Environment. Austrália, 2002.
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