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O progresso e a segurança das embalagens para alimentos

Com o decorrer dos anos a indústria alimentícia tem passado constantemente por mudanças para adequar-se cada vez mais as exigências dos consumidores, que buscam por alimentos minimamente processados, com frescor e aroma preservados, com características semelhantes ao produto in natura, com isso é requerido embalagens com maior segurança em seu armazenamento.

O surgimento das embalagens ocorreu incialmente como recipientes para bebidas ou estocagem de alimentos, com sua evolução tiveram intervenção do homem, que utilizou como matéria prima o vidro e posteriormente cobre, ferro, estanho e alumínio. Com o desenvolvimento urbano, as embalagens de papel facilitavam a estocagem, o transporte e o empilhamento, e então, na década de 60 o plástico difundiu-se em decorrência dos supermercados. A partir daí houve estímulos para inovações que promovessem facilidades de manuseio e prolongamento da vida útil dos alimentos.

As embalagens agregam uma função essencial: de conservar o alimento, protegendo das alterações que o degradam levando sua vida útil ao final. É ela que garante qualidade e a mantém quando o alimento é transportado, distribuído, comercializado, considerando as condições adequadas para o consumo.

O produto, mesmo incluso nas embalagens estão propícios a deteriorações provindas dos microrganismos, reações de oxidação, hidrólise de gorduras, oxidação de pigmentos, desnaturação de proteínas, reações fotoquímicas e ainda as próprias modificações advindas da interação com o material da embalagem ou conferidas por meio de perda ou retenção de água, permeável aos gases. O desenvolvimento das embalagens ativas teve como finalidade reduzir essas alterações, prolongar a vida de prateleira, melhorar qualidade, segurança e características sensoriais dos alimentos.

Representando um grande progresso na tecnologia de alimentos nos últimos anos, as embalagens ativas são consideradas inovadoras, além de realizar o bloqueio do meio externo com o meio interno da embalagem, garantindo qualidade e segurança, através de variados sistemas de adição e remoção de compostos que auxiliam no prolongamento da vida útil dos alimentos.

Embalagens produzidas com biopolímeros servem de estrutura aos materiais sustentáveis, polissacarídeos, proteínas e aos compostos bioativos, podendo assim ser utilizados como embalagens ativas para alimentos. Estudos recentes buscam o desenvolvimento e a aplicação de produtos biodegradáveis envolvendo embalagens para produtos alimentícios, em decorrência da preocupação com a decomposição e degradação dos materiais, buscando reduzir os impactos ambientais. 

Entre os fitoquímicos, a Cúrcuma Longa tem um grande destaque. Esta planta possui uma forma monocotiledônea em desenho de arbusto perene, pertence à família Zingiberaceae, é nativa da região sul e sudoeste asiática e é muito cultivado na Índia, assim como na China, Taiwan, Japão, Burma, Indonésia e no continente africano.

Comercialmente é vendida como um pó extraído do rizoma da planta (açafrão) Cúrcuma Longa L., exibe em seu conteúdo de curcuminóides: 77% de curcumina, 17% de demetoxicurcumina e 6% de bis-demotoxicurcumina. Apresentando uma composição atômica de C21H20O6 com massa molar de 368,39g/mol e ponto de fusão de 183°C. A curcumina é insolúvel em soluções a base de água, mas solúvel em substâncias orgânicas como dimetilsulfóxido, acetona, etano, e principalmente no metanol.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da RDC nº 91, 11/05/2001, a finalidade da embalagem para os alimentos é promover proteção contra os microrganismos externos, contaminação, adulteração, devido seu contato desde a fabricação do alimento até sua chegada ao consumidor.

 Alguns alimentos requerem refrigeração e embalagem adequada, requisitos fundamentais para que ocorra interação entre produto, meio e consumidor, tornando o alimento propício para o consumo, por esta razão existem variados métodos e materiais que auxiliam na qualidade e conservação do produto e na redução do impacto ambiental. É importante salientar que cada alimento possui suas características e propriedades, e que devem ser consideradas para escolha de determinado tipo de embalagem.

As embalagens inteligentes têm como principal atributo tecnologias que conseguem uma comunicação entre o ambiente e as condições reais do alimento, podendo indicar desde as modificações na luminosidade até as alterações em suas características podendo indicar o vencimento do produto. Grande parte destas embalagens é manipulada por sensores simples, ou seja, monitores químicos e de pH que promovem uma interação com a atmosfera interna identificando a presença de gases, umidade e outros indicadores de qualidade do alimento.  

As embalagens inteligentes possibilitam melhorias nas características do produto e no controle de distribuição, de maneira a facilitar a estocagem, o transporte e a distribuição dos produtos, pois permite o registro ou o monitoramento de produtos em tempo real.  

 

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