Depois de um ano em estudo, um grupo de trabalho do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou um relatório final para contribuir para o desafio global de redução de perdas e desperdícios em 50% até 2030. No estudo, iniciado em setembro de 2021, o grupo propõe a adoção de estratégias para o aperfeiçoamento de políticas públicas como forma de reavaliar cenários.
As recomendações foram separadas em cinco eixos temáticos: Pesquisa, Desenvolvimento, Tecnologia e Estatística; Avaliação e monitoramento do ambiente regulatório; Difusão de conceitos e comunicação; Integração de Políticas Públicas; e Integração Internacional. São elas:
– O aperfeiçoamento e o incentivo à pesquisa e estatísticas nacionais relacionadas ao tema: perdas e desperdício de alimentos;
– O uso intensivo de tecnologias consagradas e novas tecnologias (como a irradiação) na busca pela preservação de alimentos e redução de perdas;
– O fortalecimento e ampliação de políticas públicas que reduzam perdas e desperdício como os Bancos de Alimentos junto às Centrais de Abastecimento (CEASA) e programas como o Alimenta Brasil e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE);
– Uma revisão regulatória para aperfeiçoamento de normas que reduzam perdas e desperdício de alimentos;
– O engajamento pleno do Brasil nos esforços internacionais para o enfrentamento do tema buscando atingir os objetivos da FAO/ ONU.
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Perda e Desperdício: a Geração de Resíduos Alimentares
Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ ONU), estima-se que cerca de 30% dos alimentos produzidos no planeta sejam desperdiçados ou perdidos por ano, chegando a 1,3 bilhão de toneladas, cerca de 77 milhões de toneladas apenas na América Latina.
De todo esse volume, 28% são perdidos no final do processo de produção, 22% são durante o manejo e armazenagem, 17% no mercado de distribuição (atacado) e 28% nos consumidores finais. No Brasil estima-se que a menor perda e desperdício possa ocorrer no processo do varejo (cerca de 2%), mas considerando principalmente os produtos industrializados. Processos de capacitação e busca pela eficiência dos supermercados são comuns para equipes que trabalham com frutas, legumes e verduras e produtos que exigem a cadeia de frio como carnes e lácteos.
Para o diretor de Programas da Secretaria-Executiva do Mapa e coordenador do Grupo de Trabalho, Luís Eduardo Rangel, o Brasil possui diversas iniciativas conectadas à redução de perdas e desperdícios que envolvem desde o produtor até o consumidor final. “Só nos resta coordenar de maneira eficiente as diversas ações, e assim oferecermos soluções para produtores rurais, atacadistas, varejistas e consumidores na busca por uma redução de desperdício”.
Acesse aqui o relatório final.
Uma em cada três pessoas desperdiçam uma sacola de comida no lixo
Uma pesquisa realizada pela Waste and Resources Action Program (WRAP) em quatro mercados principais do Reino Unido, EUA, Canadá e Austrália descobriu que quase metade dos entrevistados jogam fora tanta comida ou mais do que fizeram no ano passado (2021), revelando uma oportunidade para as pessoas economizarem ainda mais reduzindo o desperdício em suas casas.
Para 1 em cada 3 pessoas, a quantidade de comida que desperdiçam é equivalente a colocar um saco de compras de comida no lixo a cada semana. O desperdício de alimentos em casa está custando às famílias £ 780 por ano em média, mas quase metade dos entrevistados do estudo subestimaram o custo do desperdício de alimentos.
O estudo também revelou que os entrevistados queriam ser mais engenhosos com a comida, mas muitas vezes não sabem por onde começar; 37% das pessoas no Reino Unido não sabiam onde encontrar informações úteis quando se trata de reduzir o desperdício de alimentos e mais uma em cada cinco (20%) luta para saber por onde começar a encontrar uma receita para suas sobras. Acesse a pesquisa aqui.
Dica de leitura:
Está disponível no formato online e gratuito um estudo do Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes) que também analisa estratégias para a redução de perdas e desperdício de alimentos. O material foi publicado em 2018 e foca no desperdício de alimentos.