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Desenvolvimento econômico e consumo de pescado através do turismo

O turismo gastronômico é um dos maiores motivadores de viagens pelo mundo. Segundo o Ministério do Turismo, mais de 95% dos viajantes internacionais que visitam o país apreciam a culinária brasileira (Brasil, 2022).  Os turistas têm paladar e poder aquisitivos diversificados, e com isso a inovação nos alimentos tende a ser valorizada, podendo ser na apresentação de um prato, nas descobertas de novos temperos, na criação de novas bebidas ou na maneira de produzir e preparar os alimentos. Além da inovação, uma outra preferência dos turistas é na escolha de destinos mais sustentáveis e a alimentação pode seguir na mesma temática (BRASIL, 2022).

Em paralelo, a gastronomia está cada vez mais forte em movimentos culturais. Um exemplo disso foi que a UNESCO criou a rede de cidades criativas, que são cidades que possuem características sustentáveis, inclusivas e equilibradas em termos culturais, ambientais e sociais; e estão divididas em sete categorias: arte popular, artesanato, artes midiáticas, design, filme, gastronomia e música (UNESCO, 2020). 

Na categoria gastronomia, o Brasil possui as seguintes cidades criativas: Belém, Belo Horizonte, Florianópolis e Paraty. A cidade de Florianópolis foi pioneira no Brasil sendo conhecida como a “capital das ostras do Brasil”, e criou o observatório gastronômico que tem como objetivo disponibilizar informações e conhecimento no setor da gastronomia. Dessa forma, os bens e serviços produzidos na perspectiva da economia criativa estão sempre se renovando, possibilitando que novos empreendedores entrem no mercado sem saturar, mas diversificando a oferta (UNESCO, 2020).

O peixe mais produzido pela aquicultura no Brasil é a tilápia, e a maneira de prepará-la pode ser bem diversificada na gastronomia gourmet, como: ceviche, telha com queijo canastra gratinado, grelhada com amêndoas e em forma de petiscos, como bolinho, espetinho e “nuggets” (IBGE,2022, Super notícias, 2022; Receiterias.com, 2022).

Cada região brasileira tem um tipo de pescado diferente, sendo possível prepará-los de diversas formas. No Mercado Ver-o-Peso, localizado em Belém, é possível provar peixe frito com açaí e farinha d’água; em Itapemirim, no Espírito Santo, o peixe predominante é o atum que abastece tanto o mercado interno como o externo, sendo possível experimentar o atum ao imperador, como recheio de lasanha, medalhão, no rolete e estrogonofe. No Estado do Rio de Janeiro, os municípios de Itatiaia e Nova Friburgo são reconhecidos pela produção de truta. Em Itatiaia, na região de Penedo uma das maneiras que os restaurantes servem as trutas são: grelhada, defumada, linguiça, patês, entre outros. Nova Friburgo, além de já ter realizado o festival da truta, também é possível experimentar diversos pratos à base do filé de truta, patês e o destaque é o caviar (ova de truta não fecundada defumada) (ASCON FIPERJ,2021; Descubranovafriburgo,2021; Festival da truta 2019; Jornal Fato2022).

 Na intenção de regulamentar produtos alimentícios artesanais e dar condições dos produtos serem vendidos em outras regiões do Brasil foi criada a Portaria 176/2021 que estabelece os requisitos para obtenção do Selo Arte. Vale ressaltar que o processo produtivo deve atender às Boas Práticas Agropecuárias e de Fabricação previstas nos programas de saúde animal e do serviço de inspeção oficial (BRASIL, 2022). As boas práticas agropecuárias têm como objetivo a sanidade da produção, maior sobrevivência dos animais, utilização adequada de insumos e equipamentos e o uso consciente da água, resultando em melhor produtividade e retorno financeiro (BRASIL, 2022). 

Existe também o registro de Indicação Geográfica (IG), que pode ser de Indicação de Procedência ou de Denominação de Origem. Esse registro é atribuído a serviços ou produtos que são característicos do seu local de origem, que lhe conferem identidade única em função dos recursos naturais como: vegetação, solo, clima e o modo de preparo. As atividades e ações de produtos agropecuários da Indicação Geográfica são fomentados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e existe um orçamento próprio para incentivar a valorização dos produtos agropecuários, onde são oferecidos cursos, materiais de divulgação, promoção de parcerias institucionais e mapeamento de produtos com potencial de identificação. Algumas regiões já possuem a indicação geográfica em pescado, como: Santa Catarina e região serrana do Rio de Janeiro para truta, Florianópolis para ostra, Baia de Ilha Grande para pescado e Paraíba para camarões (BRASIL, 2023). Para a Indicação Geográfica ter êxito é necessário que se tenha um aprimoramento contínuo da qualidade do produto, que é fundamental para agregar o valor de mercado e permitir o desenvolvimento regional (DIAS e MAFRA, 2023).

Sendo assim, no Brasil existem vários tipos de pescado e formas diferentes de experimentá-los de acordo com as regiões, sendo possível promover o desenvolvimento cultural e econômico de forma sustentável através o turismo gastronômico. Com o incentivo do selo arte e da indicação geográfica, torna-se possível a comercialização em diferentes regiões do Brasil, desenvolvendo tanto a produção quanto a economia turística. 

 

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