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Especialistas analisam o crescimento da fruticultura no Vale do São Francisco

Profissionais de diversos setores se reuniram para abordar o assunto no evento promovido pelo grupo QIMA, em Petrolina

O Vale do São Francisco tem deixado de ser um local conhecido pela seca e vem se transformando em um polo da fruticultura brasileira. Com foco em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), a produção da fruticultura ocupa atualmente mais de 35 mil hectares em área plantada, exportando cerca de 700 mil toneladas durante o ano.

A região é responsável por 62% da produção nacional de uva de mesa, o que corresponde a 207,7 mil toneladas. Outro destaque vai para a manga, cuja cultura no Vale responde por 61% da produção nacional, totalizando 963 mil toneladas produzidas em 29,6 mil hectares.

No último dia 17 de maio, o grupo QIMA, junto com suas subsidiárias QIMA WQS e QIMA IBD, realizaram o II Fórum de Qualidade e Certificações na Fruticultura, em Petrolina. O evento reuniu profissionais da Sweet Valley, Senai, Instituto Brasil Orgânico, Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Sebrae-PE e Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Profissionais do Grupo QIMA também palestraram no evento.

Para Ana Ishida, diretora Global de Vendas do Grupo QIMA, o Brasil pode ter um lugar de destaque na fruticultura e ser o maior polo exportador de frutas ao ajustar-se às práticas sustentáveis. A especialista em Gestão da Segurança de Alimentos e Sustentabilidade acredita que dessa forma o país vai atrair investimentos, mais compradores e também vai promover o crescimento econômico da região

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Desafios no Vale SF relacionado à Sustentabilidade

Ishida destacou durante a sua palestra no II Fórum de Qualidade e Certificações na Fruticultura os principais desafios no Vale do São Francisco. São eles:

1- O uso intensivo de água para irrigação, pode levar a escassez hídrica;

2- A degradação do solo devido ao manejo inadequado de irrigação e uso excessivo de fertilizantes pode levar erosão e perda de fertilidade;

3- Pode haver grande desperdício alimentar, visto que uma parte da produção é desperdiçada durante o transporte, armazenamento e comercialização;

4- Condição precária de trabalho também é uma preocupação. Segundo a diretora de vendas do grupo QIMA, alguns trabalhadores podem estar sujeitos a condições precárias, longas jornadas, baixa remuneração e exposição a agrotóxicos;

5- Poluição ambiental devido ao uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos pode contaminar o solo, a água e ar, afetando saúde humana e meio ambiente;

A gestora do agronegócio no Sebrae-PE, Heloísa Nóbrega, também listou durante a palestra dela outros desafios no Vale:

1- Infraestrutura logística: transporte, armazenamento e distribuição, que apesar dos avanços recentes, ainda enfrenta desafios, incluindo rodovias e portos congestionados, a quantidade insuficiente de fiscais para liberação das cargas nos portos e aeroportos, a burocracia, e a política cambial, como entraves à exportação;

2- Questões regulatórias e sanitárias para atender aos padrões internacionais: cumprir as regulamentações e padrões sanitários dos países importadores, o que pode exigir investimentos em certificações de qualidade e rastreabilidade dos produtos;

3- Concorrência global e flutuações nos mercados internacionais.

Oportunidades no Vale SF relacionado à Sustentabilidade

Ana Ishida também listou as principais oportunidades no Vale SF relacionadas à sustentabilidade. Confira os pontos citados pela especialista:

1- Implementação de tecnologias de irrigação eficientes, como microirrigação e reuso da água;
2- Adoção de práticas de manejo do solo (cobertura vegetal e rotação de culturas);
3- Restauração da vegetação nativa;
4- Investimento em tecnologias de armazenamento, transporte e comercialização;
5- Embalagens sustentáveis;
6- Melhorias das condições de trabalho, foco na saúde, segurança, direitos trabalhistas;
7- Agricultura familiar;
8- Acesso à educação, inclusão social;
9- Redução de uso de agrotóxicos;
10- Pesca sustentável;
11- Proteção dos manguezais;
12 – Combate à poluição aquática (saneamento, redução de uso de agrotóxicos)

Panorama da Exportação do Vale do São Francisco

A palestrante Heloísa Nóbrega, que é Engenheira Civil e especialista em Tecnologia, Inovação e Inteligência, abordou em sua palestra os cenários que têm tornado favorável o crescimento da fruticultura no Vale do São Francisco. Heloísa citou o El ninõ, que tem prejudicado o Peru, Equador e a Espanha para a safra da manga. No caso dos Estados Unidos, o fenômeno climático atingiu a safra da uva. A gestora do agronegócio no Sebrae-PE também citou importantes números que explicam o protagonismo brasileiro para a fruticultura:

Segundo um levantamento apresentado por ela, o Brasil enviou mais de 1 milhão de toneladas de frutas ao mercado internacional em 2023 e faturamento de mais de R$ 1 bilhão. O volume de uva exportada aumentou 40%. Já a manga continua liderando as exportações de frutas. O volume exportado subiu 15%, totalizando 266 mil toneladas. 

Há também outras oportunidades para o Brasil desbravar. Segundo Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas e também palestrante do Fórum, foram abertos recentemente o mercado de avocado, tangerina e lima para a Índia, que tem 1,4 bilhão de habitantes. “Vamos abrir o de uva na China, também com uma população de 1,4 bilhão”, afirmou o presidente da associação.

A trajetória da Sweet Valley no Vale do São Francisco foi apresentada como um case de sucesso no Fórum. A Fran Terto, Engenheira Agrônoma e Gerente e RT da Sweet Valley, fez uma apresentação sobre a Implantação da norma GlobalG.A.P. na empresa. Ela explicou o processo do início, o treinamento, aprimoramento, as adequações estruturais realizadas e como foi feito o controle de acesso e filtragem de visitas.

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