A intoxicação alimentar é uma das principais preocupações da indústria de alimentos, representando um risco tanto para a saúde dos consumidores quanto para a reputação das empresas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 600 milhões de pessoas, ou quase 1 em cada 10 habitantes do mundo, adoecem anualmente devido ao consumo de alimentos contaminados, resultando em aproximadamente 420 mil mortes.
Essas doenças podem ser causadas pelo Clostridium perfringens, um patógeno amplamente presente no solo e no trato intestinal de animais. A bactéria se multiplica em ambientes com pouco oxigênio, como por exemplo curry armazenado em uma panela. Após a ingestão, eles formam esporos no trato intestinal delgado. As toxinas produzidas durante a formação de esporos causam diarreia e dor abdominal, mas o mecanismo subjacente da formação de esporos ainda não foi totalmente compreendido.
A equipe da professora Mayo Yasugi, da Escola de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Metropolitana de Osaka examinou como os aminoácidos estão envolvidos na formação de esporos de Clostridium perfringens. Neste estudo, eles criaram 21 meios de cultura, 20 dos quais foram privados de um dos aminoácidos que produzem proteínas no corpo humano, para avaliar o desenvolvimento na cepa SM101 de C. perfringens.
Como resultado, a equipe identificou a serina como um inibidor da formação de esporos de Clostridium perfringens. Quando observado sob um microscópio, foi descoberto que a serina inibe a remodelação da parede celular do patógeno, o que é necessário no processo de se tornar um esporo.
“Este é o primeiro caso relatado em que um único aminoácido inibe bactérias anaeróbicas formadoras de esporos”, afirmou o professor Yasugi na publicação da pesquisa. “No futuro, esperamos entender a inibição da serina, os mecanismos patogênicos da intoxicação alimentar por Clostridium perfringens e as estratégias de sobrevivência de microrganismos patogênicos no corpo humano. Esperançosamente, isso levará a contribuições acadêmicas para a microbiologia e doenças infecciosas”, concluiu ela.