A contaminação por plásticos no meio ambiente é um dos temas mais discutidos atualmente. Além das matrizes ambientais, microplásticos foram detectados em espécies de pesca e aquicultura, mas também em outras commodities alimentares importantes. Em outubro deste ano, por exemplo, uma pesquisa publicada na revista Polymers alertou ter encontrado, pela primeira vez, microplásticos no leite materno humano. Eram resíduos compostos de polietileno, PVC e polipropileno, todos encontrados em embalagens.
No geral, o consumo de alimentos é considerado uma das principais e mais importantes vias de exposição humana aos microplásticos. Uma nova publicação da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) analisa essa questão. O documento, intitulado “Microplásticos em commodities alimentares – Uma revisão de segurança alimentar sobre exposição humana por meio de fontes alimentares”, descreve a literatura existente sobre a ocorrência de microplásticos e seus contaminantes associados em alimentos.
O relatório foi consolidado por um grupo de especialistas selecionados e constitui a base para futuros exercícios de avaliação de risco e a informação pode ser utilizada para a disponibilização de opções de gestão de risco.
De acordo com o documento, os níveis reportados de microplásticos e seus níveis de exposição são geralmente baixos, mas há desafios a destacar, como por exemplo:
- Dados sobre exposição a certos produtos alimentícios;
- Conhecimento sobre a toxicidade de micro e nanoplásticos;
- Métodos analíticos padronizados para formular conclusões definitivas sobre a importância das partículas para a saúde pública.
Entre as recomendações feitas na publicação estão:
- Desenvolver, aperfeiçoar e harmonizar técnicas analíticas para microplásticos em alimentos;
- Investigar mais a ocorrência e toxicidade dessas substâncias nas cadeias de valor alimentar;
- Avaliar exposições agudas e crônicas a microplásticos e aditivos associados em vários alimentos.
“O principal objetivo deste relatório é promover uma melhor compreensão dos riscos representados pelos microplásticos nos alimentos”, disse Esther Garrido Gamarro, Diretora de Pesca da FAO, enfatizando que também pode apoiar futuras avaliações de exposição e o desenvolvimento de legislação e documentos de orientação para reduzir o risco de contaminação por microplásticos na produção, processamento, distribuição e consumo de alimentos.
