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Viabilidade da adoção de spreads a base de sementes oleaginosas

Figura 1: Sementes oleaginosas / Fonte: Google imagens

O avanço no desenvolvimento de produtos à base de frutas e sementes oleaginosas (Figura 1), tornou-se notável nos últimos anos devido à crescente procura da população em se obter uma alimentação equilibrada e saudável (COSTA; JORGE, 2011). Desta forma, houve o aumento na procura de alimentos que, além de fornecerem os nutrientes básicos, ainda contém compostos bioativos que auxiliam na prevenção de doenças degenerativas (PORFÍRIO et al., 2014; DIAS, 2016). 

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial caracterizado pela diminuição da taxa de natalidade e aumento na expectativa de vida, o que ocasiona o aumento no número da população de idosos (CLOSS et al., 2012). Com o envelhecimento, o indivíduo se torna mais suscetível a doenças crônico-degenerativas entre as quais câncer, aterosclerose e artrite reumática (MELO et al., 2006; ROSA; CANTARELLI; COLPO, 2014). 

Dentre as causas desta condição, há a presença do estresse oxidativo, que consiste em um desequilíbrio em prol dos compostos oxidantes e em detrimento dos agentes antioxidantes (BARBOSA et al., 2010).  O sistema antioxidante se apresenta incompleto sem os agentes antioxidantes provenientes da alimentação, o que ressalta a importância da ingestão diária destes componentes (ROSA; CANTARELLI; COLPO, 2014).

A ingestão diária de frutas, verduras, legumes e cereais está associada a uma vida salutar, pois as plantas contêm vários tipos de antioxidantes com propriedades diferentes, e muitos desses antioxidantes cooperam na redução do estresse oxidativo devido à sua capacidade de eliminar radicais livres, reduzindo assim o dano oxidativo das biomoléculas celulares (ALASALVAR; SHAHIDI, 2009).

As espécies vegetais são as únicas capazes de produzir vitamina E (tocoferol), que podem ser encontradas em: óleos vegetais, nozes, amêndoa, avelã, gérmen de trigo, abacate, aveia, batata doce, vegetais verde-escuros(MIYAZAWA; NAKAGAWA; SOOKWONG, 2011). 

Embora os níveis de tocoferol variem muito entre as espécies, a ação antioxidante presente é capaz de proteger o organismo dos efeitos de radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce das células (ARNR et al., 2014). Quando combinado com outros nutrientes, pode auxiliar a reparação e reconstrução de tecidos, ajudando a fortalecer os cabelos e unhas, além de reduzir rugas e linhas de expressão devido a seu fator de antioxidante (TESTON; NARDINO; PIVATO, 2010).

A busca por alimentos saudáveis se faz necessário pra o bom funcionamento do corpo e especialistas em saúde recomendam a redução de gorduras saturadas e gorduras trans por estarem associadas ao alto risco de doença cardíaca coronária. Estudos demonstram redução do colesterol total e da lipoproteína de baixa densidade (LDL), e aumento dos níveis de colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL), ao substituir ácidos graxos saturados e ácidos graxos trans por ácidos graxos poli-insaturados e ácidos graxos monoinsaturados (MICHA; MOZAFFARIAN, 2010). 

As sementes oleaginosas são altamente nutritivas, pois fornecem grande diversidade de macro e micronutrientes. Castanhas, amêndoas e nozes fazem parte de uma dieta balanceada por possuírem alto teor de proteínas e gorduras que são benéficas a saúde, além de serem especialmente ricas em antioxidantes (HALVORSEN et al., 2002)

A adoção de spreads ou pastas cremosas à base de sementes oleaginosas pode se tornar uma alternativa viável neste cenário, pois além de inúmeros benefícios à saúde, também é positiva devido a sua viabilidade econômica. 

Durante o processo de beneficiamento industrial de sementes oleaginosas, ocorre a geração de excedentes de baixo valor comercial devido a problemas de adequação à classificação comercial, resultantes das quebras ou danos às sementes, que diminui tanto sua qualidade microbiológica quanto nutricional (SANCANARI, 2020).

As amêndoas quebradas durante seu o processamento não alcançam preço elevado no mercado, se mostrando uma matéria-prima acessível para a produção de spreads (LIMA; DUARTE, 2006). O processamento da castanha-de-caju, por exemplo, por sistema mecanizado, gera cerca de 40% da produção de amêndoas quebradas (LIMA; DUARTE, 2006). 

No mercado internacional, há o aproveitamento integral do amendoim como pasta de amendoim. Pode ser consumida pura, no pão, como ingrediente em bolos, biscoitos, tortas etc (LIMA; BRUNO, 2007; LIMA; DUARTE, 2006). A pasta de amêndoa de castanha de caju, bem como outros spreads é empregada de forma similar (LIMA; BRUNO, 2007; LIMA; DUARTE, 2006).

Com base nestes dados, observa-se um potencial mercado de produtos à base de sementes oleaginosas, visando agregar valor, aumentar a oferta de alimentos saudáveis e, principalmente reduzir o desperdício de alimentos e geração de resíduos.

 

Referências:

  • ALASALVAR, C.; SHAHIDI, F. Natural antioxidants in tree nuts. European Journal of Lipid Science and Technology, v. 111, n. 11, p. 1056–1062, 2009. 
  • ARNR, C. et al. Radicais livres e estresse oxidativo. UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde, v. 16, n. 3, p. 213–9, 2014. 
  • BARBOSA, K.; COSTA, N.; ALFENAS, R.; PAULA, S.; MINIM, V.; BRESAN, J. Estresse oxidativo: Conceito, implicações e fatores modulatórios, v. 23, n. 4, p. 629-643, 2010.
  • CLOSS, V.; SCHWANKE, C. A evolução do índice de envelhecimento no Brasil , nas suas regiões e unidades federativas no período de 1970 a 2010, v. 15, n. 3, p. 443-458, 2012. 
  • DAVIDSON, A. The Oxford Companion to Food. Oxford University Press, v. 1, 1999. 
  • HALVORSEN, B. L. et al. A systematic screening of total antioxidants in dietary plants. Journal of Nutrition, v. 132, n. 3, p. 461–471, 2002. 
  • LIMA, J. R.; BRUNO, L. M. Stability of cashew nut butter. Ciencia e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 4, p. 816–822, 2007. 
  • LIMA, J. R.; DUARTE, E. DE A. Pastas de castanha-de-caju com incorporação de sabores. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, n. 8, p. 1333–1335, 2006. 
  • MELO, E. DE A. et al. Capacidade antioxidante de hortaliças usualmente consumidas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 3, p. 639–644, 2006. 
  • MICHA, R.; MOZAFFARIAN, D. Saturated fat and cardiometabolic risk factors, coronary heart disease, stroke, and diabetes: A fresh look at the evidence. Lipids, v. 45, n. 10, p. 893–905, 2010. 
  • MIYAZAWA, T.; NAKAGAWA, K.; SOOKWONG, P. Health benefits of vitamin E in grains, cereals and green vegetables. Trends in Food Science and Technology, v. 22, n. 12, p. 651–654, 2011. 
  • ROSA, M.; CANTARELLI, L.; COLPO, E. Consumo de alimentos com propriedades antioxidantes por idosos institucionalizados. Scientia Medica, v. 24, n. 2, 2014. 
  • SANCANARI, L. Smart-Food À Base De Castanha-Do-Brasil Como Fonte De Selênio Na Dieta De Policiais Militares: Caracterização Química E Efeito. [s.l.] UFG, 2020
  • TESTON, A. P.; NARDINO, D.; PIVATO, L. ENVELHECIMENTO CUTÂNEO: TEORIA DOS RADICAIS LIVRES ETRATAMENTOS VISANDOA PREVENÇÃO E O REJUVENESCIMENTO. Uningá Journal, v. 24, n. 1, p. 13, 2010. 
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