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Os efeitos benéficos na saúde do baru (Dipteryx alata Vog.)

O Cerrado é o segundo maior ecossistema brasileiro e considerado a região de savana tropical mais rica do mundo em termos de diversidade. Pela sua magnitude, é inquestionável a grande variedade de espécies vegetais, embora ainda subutilizadas pelas comunidades locais. A falta de conhecimento científico ou baixo incentivo ao desenvolvimento de tecnologias e processos inovadores têm impedido que essas comunidades explorem ao máximo o potencial produtivo desse bioma. 

As espécies vegetais do Cerrado destacam-se por apresentarem valor alimentício, medicinal, madeireiro, tintorial, forrageiro e ornamental, entre outros, de grande importância para região.

Proveniente do bioma Cerrado, o baru (Dipteryx alata Vog.) é uma espécie frutífera. O fruto tem coloração amarronzada, possui polpa e semente, ambas comestíveis e de sabor agradável. A semente é conhecida por amêndoa de baru e tem sabor semelhante ao amendoim. O fruto que tem sido explorado principalmente pela mídia gastronômica, potencializando o reconhecimento e aceitação pela sociedade cada vez mais criteriosa em relação aos alimentos que consome. Além de seus atributos sensoriais exóticos, os frutos do baru, oferecem potencial nutricional favorável e benefícios promotores de saúde, por isso, tem sido considerado um ingrediente funcional na indústria alimentícia. 

Nutricionalmente, a amêndoa de baru apresenta uma composição química única em termos de carboidratos (13%), proteínas (25%), lipídios (40%), fibras (16%), minerais como cálcio, vitamina E e zinco, além de possuir também conteúdos de polifenóis (substâncias presentes em frutas e plantas que protegem o corpo contra processos inflamatórios) e carotenoides (compostos pigmentados produzido por plantas que protegem a saúde do homem, contra várias doenças). 

A amêndoa de baru possui ~19% de ácidos graxos saturados e ~83% de ácidos graxos insaturados, apresentando um perfil de ácidos graxos diferenciados quando comparadas a outras nozes. Essa composição de ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados é importante para a saúde, uma vez que estudos mostram que o consumo destes ácidos graxos interfere no perfil lipídico dos seres humanos. Visto a composição do baru, estudiosos descobriram que a espécie pode ser potencialmente usada contra doenças metabólicas. 

As doenças metabólicas, que também podem ser conhecidas como síndrome metabólica, são condições modernas, muitas vezes associadas com a obesidade, por conta da alimentação inadequada e da falta de prática de atividade física. A síndrome metabólica pode ser definida como um conjunto de disfunções cardiometabólicas que se desenvolvem pela elevação da glicemia, da circunferência abdominal, da pressão arterial, da baixa concentração de colesterol HDL e dos elevados níveis de triglicerídeos séricos. Essa síndrome contribui diretamente para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e para o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2, além de aumentar o risco de morte precoce. 

O ganho de peso e a obesidade representam risco elevado para alteração do perfil lipídico alterado ou dislipidemia. As doenças cardiovasculares são as consequências finais mais ligadas a obesidade e dislipidemia. A prevenção por meio da medicina natural tem sido considerada um novo caminho para combater condições ou doenças metabólicas. Apesar de não ser uma planta muito conhecida, as pesquisas com o baru são surpreendentemente avançadas nessa área.

O baru pode ter um papel metabólico benéfico em pessoas saudáveis, contribuindo na prevenção de dislipidemia e doenças cardiovasculares. Pesquisas utilizando farinha da amêndoa de baru demonstram melhora no perfil lipídico sérico, aumentando o HDL (colesterol bom) e diminuindo o colesterol total, triglicérides e LDL (colesterol ruim). Estudos também evidenciam que a ingestão de amêndoa de baru pode reduzir o risco aterogênico e cardíaco (DA CRUZ et al., 2019; FIORINI et al., 2017).

O consumo da amêndoa do baru pode também ser favorável em condições ou doenças metabólicas, já instaladas, como a obesidade auxiliando na redução do peso corporal, diminuindo os níveis de glicemia, colesterol total e frações e triglicérides, além de aumentar as concentrações de HDL (ARAÚJO et al., 2017; FERNANDES et al., 2015).  

Os resultados das pesquisas realizadas até o momento indicam o potencial do baru contra a elevação dos lipídios no sangue de indivíduos com obesidade ou com hipercolesterolemia. Os benefícios por trás dos efeitos estão principalmente ligados com seu conteúdo de ácidos graxos monoinsaturados, que auxiliam na regulação dos níveis de colesterol, fibras alimentares e fitoesteróis, que são comumente associados a uma absorção intestinal limitada de lipídios devido à formação de gel. 

 

Referências:

  • DA CRUZ, P. N.; GAMA, L. A.; AMÉRICO, M. F.; PERTUZATTI, P. B.Baru (Dipteryx alata Vogel) almond and dairy desserts with baru regulates gastrointestinal transit in rats J. Food Process. Preserv. (11) (2019), p. 43
  • FIORINI, A. M. R.; BARBALHO, S. M.; GUIGER, É. L.; OSHIIWA, M.; MENDES, C. G.; VIEITES, R. L.; CHIES, A. B.; DE OLIVEIRA, P. B.; DE SOUZA, M. D. S. S.; NICOLAU, C. C. T. Dipteryx alata vogel may improve lipid profile and atherogenic indices in wistar rats dipteryx alata and atherogenic indices J. Med. Food, 20 (11) (2017), pp. 1121-1126
  • ARAÚJO, A. C. F.; ROCHA, J. C.; PARAISO, A. F.; FERREIRA, A. V. M.; SANTOS, S. H. S.; DE PINHO, L. Consumption of baru nuts (Dipteryx alata) in the treatment of obese mice Ciência Rural, 47 (2) (2017), pp. 2015-2018
  • FERNANDES, D.; ALVES, A.; CASTRO, G.; JUNIOR, A. J.; NAVES, M. M. Effects of baru almond and Brazil nut against hyperlipidemia and oxidative stress in vivo J Food Res., 4 (4) (2015), p. p38
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