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BRCGS e QIMA/WQS destacam mudanças na norma e abordam temas atuais do food safety em fórum 

No V Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS, promovido pela QIMA/WQS, assuntos como alterações da norma, sustentabilidade e food fraud foram abordados. Confira o que aconteceu no evento

Cerca de 200 pessoas compareceram, de forma presencial, no V Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS, promovido pela QIMA/WQS, em São Paulo, nesta quinta-feira (30). Profissionais de diversos segmentos da alimentos participaram de palestras sobre food fraud, sustentabilidade, certificação de produtos glúten free, cultura de segurança de alimentos, entre outros assuntos relevantes e atuais. No entanto, um dos assuntos mais esperados pelos inscritos no evento foi pela análise da versão 9 da certificação BRCGS. 

A edição 9 BRCGS Food Safety foi publicada em agosto de 2022 e está em vigor desde 1º de fevereiro de 2023. Por se tratar de uma transição obrigatória, as empresas certificadas precisam, mais do que nunca, se preparar para estar em conformidade para as auditorias futuras. Para se ter conhecimento da amplitude da norma, atualmente há mais de 23 mil sites certificados, espalhados por 127 países. Ao ano, o status da norma cresce em 5,3%, segundo dados disponibilizados pela BRCGS Brasil no V Fórum.

Juliane Silva, representante oficial BRCGS no Brasil
Juliane Silva, representante oficial BRCGS no Brasil

Sabendo da relevância do tema, o Portal e-food esteve presente no evento e reuniu as principais mudanças destacadas pela engenheira de alimentos Juliane Silva, representante oficial BRCGS no Brasil. A profissional, que possui experiência de mais de 19 anos na área de certificações de qualidade e segurança de alimentos atuando como auditora líder, também contou ao Portal um dos maiores desafios que a norma enfrenta para expandir em território brasileiro.

Inicialmente, durante a palestra a palestra que liderou, intitulada “BRCGS Segurança de Alimentos Versão 9 – O que mudou?”, Juliane destacou quais foram as influências para chegar até a versão 9 da norma.

As influências foram:

  • Maior clareza e desenvolvimento da cultura de segurança do produto
  • Reconhecimento dos princípios gerais de higiene alimentar do Codex, Benchmarking para os requisitos da GFSI.
  • Visão de expandir as opções de auditoria para incluir TIC
  • Desejo de aprimorar os requisitos relacionados às atividades principais de segurança do produto
  • Fornecer maior clareza para os sites

Em entrevista ao Portal e-food, Juliane destacou duas principais mudanças após a análise dessas influências. “Posso citar duas mudanças, uma delas se trata dos equipamentos. O pessoal às vezes pensa que os equipamentos são adicionais, supérfluos, mas eles são coadjuvantes de processos que têm muita influência. Esse foi um requisito que teve bastante atuação. Outra mudança foi no requisito de cultura de segurança de alimentos. Na nova versão foi trazido mais detalhes para que as empresas entendam melhor quais áreas elas podem trabalhar”, destacou a representante.

Confira outras alterações nos requisitos:

  • HACCP – Plano Segurança de Alimentos: várias cláusulas sofreram alterações em decorrência da última publicação dos princípios HACCP do Codex Alimentarius
  • Processamento terceirizado: novos requisitos foram adicionados para garantir que os processos terceirizados sejam incorporados ao plano HACCP do local e aos requisitos acordados em uma especificação. 
  • Análise de cláusula raiz: outras cláusulas também foram revisadas para garantir uma abordagem consistente, melhor ligação a outras seções para melhoria contínua
  • Defesa do alimento: agora há uma seção específica para requisitos de defesa de alimentos. Há também uma seção para fraude de alimentos para que o site possa optar por considerar os dois tópicos (defesa de alimentos e fraude de alimentos) juntos. 
  • Conversão primária animal: na v9 há uma nova seção que visa cuidados específicos necessários para garantir que o alimento seja seguro e adequado para o uso durante o processamento animal.

Mudanças no protocolo de auditoria 

Juliane Silva também ressalta que agora as auditorias combinadas se tornaram obrigatórias. Com esta determinação, um site pode escolher entre três opções de auditoria para a v9.

  1. Auditoria combinada, que consiste em uma auditoria remota, com auditoria obrigatória não anunciada a cada 3 anos.
  2. Auditoria combinada seguida de uma auditoria no local, com auditoria obrigatória não anunciada a cada 3 anos.
  3. Auditoria não anunciada.
  • Auditoria combinada – tem o objetivo de melhorar a qualidade da auditoria e maximizar a eficácia do tempo gasto no local. Tem o potencial de fornecer um processo mais econômico através do compartilhamento e revisão de informações antes da visita ao local.
  • Auditoria não anunciada – trata-se de uma auditoria obrigatória e sem aviso prévio no período de 3 anos para fornecer maior confiança em uma forte cultura de segurança de alimentos. Conforme informado pela BRCGS Brasil, este é um requisito de referência GFSI 2020 aplicável, portanto, a todos os proprietários de programas de certificação.

Desafios de expandir a norma BRCGS no Brasil

De acordo com um levantamento realizado pela BRCGS Brasil, o Chile possui o dobro de adeptos da norma se comparado ao Brasil. O contexto tem como agravante a disparidade do tamanho territorial entre os países citados. “Na América Latina nós temos um mercado muito grande para desenvolver. O Brasil, por exemplo, está hoje com uns 197 sites certificados. Já o Chile, há dois anos, tinha mais de 300. Acreditamos que o Brasil pode ser um mercado em potencial”, diz.

Juliane Silva explica o motivo da posição de destaque do Chile em relação à norma: “É um país que exporta muito para a Europa e, como é uma norma de origem europeia, a gente tem esse conceito de exportar para fora e executar a certificação. Infelizmente não parte do princípio da segurança de alimentos, parte, na verdade, do cliente pedir”. A especialista conta que houve crescimento em potencial no Brasil durante a pandemia e que o V Fórum , tem ajudado na divulgação desse conceito da segurança do alimento, na cadeia de fornecimento, na segurança da embalagem e segurança na estocagem de produção. “Temos diferentes normas para cada segmento e tentamos trazer a cultura da certificação como um benefício para a empresa”, finaliza a profissional.

Outros destaques no V Fórum

A primeira palestra do V Fórum foi da norte-americana Jessica Burke, Delivery Partner Relationship Manager na BRCGS. A profissional iniciou o evento contextualizando o mercado e afirmou que os proprietários de marcas estão focados na integridade do produto mais do que nunca. Com embasamento técnico, a palestrante divulgou um levantamento que aponta que o setor de alimentos é o mais procurado para certificação da norma no Brasil. O setor de embalagem de produtos aparece logo depois no ranking.

A fundadora e diretora geral da Certifee, Valesca Bicca palestrou sobre “Fraude em alimentos e produtos – impactos e controles”. A apresentação de Bicca trouxe um passo a passo com orientações para gerenciamento de fraudes em alimentos. São eles:

1º passo: entender o escopo do plano
2º passo: formar equipe com expertise no assunto
3º passo: mapear produtos, insumos, utilidades e etc. Processos internos e terceirizados também devem ser implementados incansavelmente
4º passo: escolher as fontes de pesquisa e avaliar a complexidade da cadeia de distribuição
5º passo: escolher a metodologia para avaliação de risco
6º passo: determinar o plano de mitigação (medidas de controle)

A especialista corporativa de Segurança de Alimentos na AMBEV da América do Sul, Albanira Lima, chamou a atenção da maioria dos participantes ao compartilhar metodologias estratégicas para manter o compromisso com o food safety na AMBEV.

Durante a palestra “Desafios para manutenção da segurança de alimentos na indústria de bebidas”, Albanira apresentou um mindset sobre o que está sendo implementado na indústria. 

  • Estudar e estruturar o processo da empresa
  • Conhecer e treinar as pessoas
  • Adequar e manter o ambiente
  • Mensurar o sistema de gestão e adaptá-lo para melhor funcionamento prático
  • Reconhecer os méritos
  • Tratar os PCC’s como inegociáveis
  • Tratar não conformidades pela causa raiz
  • Ser sustentável

A gestora técnica de Food do Bureau Veritas, Andrea Damian, trouxe um importante tema para o V Fórum com a palestra “Formação da cultura de segurança de produto em indústria de embalagens”. Em sua apresentação, Damian deu dicas de como implementar a cultura de segurança de alimentos em indústria de embalagens:

  • Fazer um planejamento das etapas de implantação
  • Treinar pessoas e compartilhar conhecimento
  • Integrar as pessoas nos diversos tipos hierárquicos com o intuito de criar a cultura própria da empresa, construindo uma conscientização de todos da equipe
  • Criar regras e compartilhá-las
  • Fazer análise dos riscos dos potenciais limitadores da implantação da cultura. Posteriormente, determinar um plano de ação de mitigação dos riscos
  • Ser paciente e repetir os passos acima quantas vezes for necessário

O evento contou com a cobertura presencial do Portal e-food. Para maiores informações, acesse os sites da QIMA/WQS e da norma BRCGS.

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