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Produção de pescados no Brasil e seus benefícios

Conforme estimativas das Nações Unidas, a população mundial chegará a 9,7 bilhões em 2050, um aumento de 2 bilhões ou 25% em relação aos níveis de 2020. Alimentar essa população é um grande desafio, até pela proporção da população em áreas urbanas cresceu substancialmente (ONU, 2020).

Conforme dados da FAO, entre 2016 e 2020 o Brasil teve um crescimento de 1,3% a 11% na produção de pescados. Em 2016 obteve-se cerca de 200 milhões de toneladas de pescados no mundo, tanto na forma extrativista como de cultivo. A produção foi dividida praticamente meio a meio entre a pesca de captura e a produção em cativeiro que é a piscicultura (FAO, 2016).

O maior produtor de pescado do mundo é a China, que responde por 40% da produção total. A Indonésia ocupa o segundo lugar com 11,4%, enquanto o Brasil é o 17º lugar em produção de pescado em cativeiro e o 19º em produção total de pescado (FAO, 2020).

Em 2019, a pesca brasileira produziu um volume de 758 mil toneladas. Em 2020, a pesca brasileira teve um ano de altos e baixos, enquanto a incerteza da pandemia pesava no primeiro semestre do ano, no segundo semestre, a demanda voltou a subir e conforme a Associação Brasileira de Piscicultores (Peixe BR), o setor fechou o ano com uma produção de 802.000 mil toneladas de peixes cultivados. A previsão para 2021 é de pelo menos 880.000 toneladas (MEDEIROS, 2021).

Colossoma macropomum

O tambaqui (Colossoma macropomum) (Figura 1) é um peixe onívoro adaptado às águas mais quentes da Bacia Amazônica. Possui excelente potencial de crescimento na piscicultura devido ao seu desempenho fisiológico reprodutivo que aumenta sua capacidade de adaptação alimentar, eficiência na absorção de nutrientes e baixa sensibilidade à oxigenação e pH (FELIX E SILVA et al., 2020).  É um peixe de água doce, comumente conhecido como Pacu Vermelho. Tem preferência pelas sementes de castanheiras e palmeiras. Também se alimenta de plantas aquáticas, frutas, insetos, caracóis, sementes e grãos, folhas e brotos (VALLADÃO et al., 2018).

Tambaqui é um peixe onívoro, ou seja, alimenta-se de plantas e frutas. Tem dentes fortes e é adequado para nozes duras como parte de sua dieta. Em suas brânquias, pode ser observado espinhos alongados e finos. Tem uma nadadeira adiposa curta com raios na ponta, dentes semelhantes a molares e rastros branquiais longos e numerosos. Sua cor é marrom na metade superior do corpo e na metade inferior, mas pode ser mais clara ou mais escura projetada da cor da água. Esta é uma carne muito popular. Pode ter até 90 cm de comprimento e até 30 kg de peso (DAIRIKI et al., 2011).

FIGURA 1 – Tambaqui (Colossoma macropomum).

Fonte: Autores (2022).

Benefícios do Consumo de Peixe

As carnes possuem proteínas que são fontes de aminoácidos fundamentais para a saúde humana, possuem valores biológicos elevados e fatores nutricionais importantes, com presença de vitaminas (SATORI et al., 2012).

A carne de peixe em especial possui alto valor proteico, baixo teor de gordura, fonte de vitaminas e minerais, além disso, possui baixo teor de colesterol, tornando-se um alimento relevante para prevenir o risco de doenças cardíacas, depressão e acidente vascular cerebral, além de ser fonte de ômega-3. O ômega-3 aumenta a produção de células de defesa no organismo fortalecendo o sistema imune (LUNKES et al., 2018).

Propriedades Vitamínicas do Peixe

O peixe se destaca nutricionalmente em relação às demais carnes, tanto em quantidade e qualidade das proteínas e, por ser fonte de ácidos graxos essenciais. É um alimento fonte de nutrientes e sais minerais, como ferro, cálcio, sódio e fósforo, além do mais o pintado é um peixe pouco calórico e oferece gorduras monoinsaturadas que são boas para coração e diabetes (OLIVEIRA et al., 2014).

 Além de tudo, o salmão possui nutrientes em grande quantidade contendo B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B5 (ácido pantotênico), B6, B9 (ácido fólico) e B12. Atualmente, tem se constatado que a ingestão regular proporciona benefícios à saúde humana, auxiliando na melhoria da qualidade de vida e na redução da probabilidade de desenvolvimento de doenças como arritmias e complicações cardiovasculares (SATORI et al., 2012).

 A frequência de consumo de pescado tem significado social e cultural, pode estar associada a hábitos alimentares saudáveis. A dieta tem amplas implicações, e encontrar alimentos com mais nutrientes também pode estar associado a hábitos alimentares saudáveis ​​e menos riscos à saúde (OLIVEIRA et al., 2014).

Proteínas

As proteínas são compostos poliméricos complexos, formados por moléculas orgânicas na carne de peixe. A palavra proteína é proveniente da palavra grega proteios, que significa “que tem primazia”. As proteínas determinam a forma e estrutura das células e coordenam quase todos os processos importantes. As funções das proteínas são específicas para cada uma delas e permitem que as células mantenham sua integridade, defendam-se de fatores externos, reparem danos, controlem e regulam as funções celulares. Todas as proteínas desempenham suas funções da mesma maneira: ligando-se seletivamente a moléculas. Algumas proteínas, como as proteínas estruturais, agregam-se a outras moléculas da mesma proteína para formar estruturas maiores. (MARZZOCO et al., 1999).

As principais funções das proteínas são crescimento, regeneração e troca de diferentes tecidos do corpo humano, como ossos, músculos, na fabricação de glóbulos vermelhos, tecidos conectivos e paredes de órgãos. Contendo todas essas características as proteínas são completas, possuindo aminoácidos de alto valor biológico (KINUPP, 2008).

Tambaqui (Colossoma macropomum) é a principal espécie nativa cultivada no Brasil com boas características de produção e capacidade de digerir proteínas animais e vegetais (RODRIGUES, 2014). O peixe é um substrato alimentar versátil com proteínas de alto valor biológico, ácidos graxos insaturados e sais minerais em sua composição que são importantes para a saúde humana (BRASIL, 2012).

A proteína do músculo do peixe tem maior digestibilidade devido aos baixos níveis de tecido conjuntivo (ABRAHA et al., 2018) A proteína do peixe é responsável pela construção e reparação do tecido muscular, melhorando a imunidade e a qualidade do sangue e regulando vários fatores corporais (NUNES et al., 2008). As imunoglobulinas protegem contra infecções bacterianas e virais e ajudam a manter o equilíbrio de eletrólitos e água no sistema do corpo (BALAMI et al., 2019).

Minerais

Os minerais são substâncias nutritivas indispensáveis ao organismo, ajudam na constituição de ossos, dentes, músculos, sangue e células nervosas até a manutenção do equilíbrio hídrico. Possuem funções importantes e essenciais para a saúde como: regulação de processos enzimáticos; manutenção do equilíbrio osmótico e ácido- básico; facilitação da transferência de substâncias pelas membranas celulares e estimulação nervosa e muscular. Todas essas funções são essenciais para o organismo (DOSSIÊ, 2008).

Os pescados desempenham minerais importantes na manutenção das funções corporais, incluindo equilíbrio ácido-base, formação de hemoglobina, equilíbrio hídrico corporal, formação óssea e estrutura dentária, e na catalisação de várias reações metabólicas do organismo. Os peixes são ricos em iodo, selênio, zinco, ferro, cálcio, fósforo e potássio (NJINKOUE et al., 2016).

Vitaminas

As vitaminas são compostos orgânicos, necessários, em quantidades mínimas, para promover o crescimento, manter a vida e a capacidade de reprodução. São substâncias que, com raras exceções, devem ser fornecidas na dieta, na dose adequada. A ingestão diária de vitaminas necessária para garantir o funcionamento adequado do organismo é especificada como dose diária recomendada, as vitaminas são compostos orgânicos que atuam em diferentes atividades no organismo (SANTOS, 2018).

A principal classificação das vitaminas é baseada na solubilidade: hidrossolúveis (complexo B e C) e lipossolúveis (A, D e E). O termo vitamina foi utilizado pela primeira vez por Casimir Funck, que, por experimentos com concentrados ricos em amina, obtidos a partir das cascas e da película do polimento de arroz, verificou a redução dos sintomas da doença conhecida como beribéri, provocada pela ausência de determinada amina. O termo foi criado para indicar uma amina essencial à vida (BOBBIO,1989).

As vitaminas são essenciais para fornecer energia, mesmo que não sejam fontes. Melhoram a pele, a oxigenação das células, auxiliam no funcionamento do metabolismo além de ajudar nos processos de cura e rejuvenescimento. A falta de vitaminas no organismo, causam os surgimentos de doenças (HAINFELLNER; ZAGOLIN, 2014)

O pescado é uma ótima fonte de vitaminas A, D e várias da família B (B6 e B12), e várias vitaminas são armazenadas no fígado, principalmente A e D. A vitamina A contribui para o crescimento normal e formação de ossos e dentes; na construção de células e na prevenção de problemas de visão. A vitamina D é encontrada nos peixes na forma de vitamina D3 (colecalciferol), que é produzida da mesma forma na pele quando exposta à radiação ultravioleta (UV). A deficiência de vitamina D pode causar raquitismo, osteomalácia, osteoporose, osteopenia e baixa densidade óssea. Também pode estar associado à diabetes (BALAMI et al., 2019).

 Consumo de Peixe: Prevenção de doenças

O consumo de peixe, é uma excelente forma de prevenir a osteoporose (fragilidade óssea), uma vez que é fonte de vitamina D, o que permite aumentar a absorção de cálcio no intestino e prevenir o desgaste dos ossos. Além disso, a vitamina D previne problemas como diabetes, infertilidade, câncer e problemas cardíacos. A vitamina D está presente, especialmente nos peixes gordos, porque essa vitamina se localiza na gordura dos alimentos (SOUZA, 2010).

O peixe contém uma excelente forma de fortalecer os ossos e os dentes pois é um alimento rico em cálcio, o que torna os ossos e dentes mais fortes, prevenindo problemas como as cáries. Além disso, os peixes gordos são ricos em ômega 3, podendo ajudar a diminuir a perda óssea, mantendo os ossos mais saudáveis (PEREIRA et al., 2009).

 

Referências

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