As novas regras de rotulagem de alimentos já fazem parte do cotidiano de crianças, jovens, adultos e idosos brasileiros. Com as novas medidas, espera-se que as pessoas reflitam e percebam com mais clareza o que colocam dentro do seu corpo, afinal nós somos o que comemos não é mesmo?
Um professor de Biologia do ensino médio da educação básica do Estado de Goiás, juntamente com outros colegas professores da área da Química, Educação Física e Linguagens, escolheram abordar o tema da rotulagem de alimentos com os alunos em sala de aula, por entenderem que se trata de um tema extremamente relevante, atual e que se conecta muito bem com os objetivos de aprendizado da trilha formativa do ensino médio “Comer Bem e Se Exercitar”.
Dentre as várias mudanças nas regras de rotulagem, a rotulagem frontal foi o tema principal. Buscou-se compreender esse assunto, que é um dos que mais chama a atenção dos alunos, e também estimular os alunos a assumirem o papel de protagonistas no processo de ensino e aprendizagem. O objetivo era saber a percepção dos alunos acerca do tema.
Figura 1: Novas etiquetas desenvolvidas para serem utilizadas na rotulagem frontal.
Fonte: Gov.br, 2022.
Foi necessário esclarecer para os alunos sobre os critérios utilizados pela ANVISA, para que determinados itens alimentares recebessem ou deixassem de receber a embalagem com as novas alterações. A tabela 1 demonstra quais foram os parâmetros definidos para se tomar essa decisão.
Tabela 1: Os alimentos devem receber o rótulo com as novas regras, quando os alimentos apresentarem as quantidades de nutrientes demonstradas na tabela.
Fonte: Gov.br, 2022.
Foi idealizado um cronograma de atividades que deveriam ser desenvolvidas, e um estudo da RDC 429/2020 estabelecida pela Anvisa, fazendo uma retrospectiva histórica dessa proposta. Depois, em uma atividade conjunta de reflexão acerca dos impactos dessa medida para a imprensa, os cidadãos e agentes políticos, e em como essas medidas podem auxiliar na diminuição de doenças como diabetes, hipertensão e AVC; os professores de Educação Física e Biologia propuseram que os alunos buscassem quais eram as doenças mais comuns na população brasileira, se elas tinham alguma relação com a adoção das novas regras de rotulagem e como essas doenças poderiam ser tratadas. Para ajudar nessa tarefa, os discentes assistiram no laboratório da escola, o documentário “O segredo das zonas azuis”, para aguçar sua percepção e fornecer outros pontos de vista.
Teve-se então a ideia de montar um experimento simples e didático que utilizasse itens alimentares que já tinham recebido a rotulagem frontal, para quantificar determinados nutrientes citados naquela embalagem.
Dividiu-se os grupos de trabalho, onde cada um deveria levar para a escola um alimento que tivesse uma etiqueta na parte frontal, para que juntos pudessem fazer a quantificação de açúcar adicionado, gordura e sódio. Os professores foram incumbidos de levar para a escola no dia do experimento, sal de cozinha, açúcar e gordura que representariam, de forma empírica, as quantidades encontradas dentro das embalagens.
Com o auxílio da professora de química, utilizou-se uma balança de precisão para pesar os alimentos e descobrir a quantidade desses nutrientes. Muitas vezes falamos para as crianças que determinado alimento é ruim para a saúde, mas não explicamos o porquê e não nos aprofundamos nisso. Com esse experimento os alunos puderam verificar com clareza o quanto de gordura havia em um pacote de batatinhas fritas, ou o quanto de açúcar havia dentro de uma lata de refrigerante de cola ou ainda o quanto de sódio havia em um pote de conserva.
A reações dos alunos foi surpreendente, muitos ficaram surpresos com a quantidade desses nutrientes e o quanto isso poderia ser prejudicial à sua saúde a longo prazo. Alguns alunos comentaram que passariam a consumir menos alguns alimentos quando tivessem essa etiqueta ou até mesmo deixar de ingeri-los.
Relato de um dos alunos: “A experiência da quantificação de nutrientes e rotulagem frontal dos alimentos foi muito importante, pois podemos aprender bastante sobre os rótulos dos produtos. Pesamos os produtos e descobrimos quanto de sal ou de açúcar possuíam os produtos. Na apresentação foi possível ter uma noção de cada produto. Foi uma experiência muito boa, aproveitamos bastante e aprendemos também”.
Ideias como essa reforçam a importância de, enquanto professor, buscar trazer temas relevantes e de forma prática, para que os alunos possam trilhar o seu caminho rumo ao conhecimento, investigando, desvendando e pensando de forma crítica e se posicionando sobre as mais variadas situações que possam se apresentar em suas vidas.
O número de pessoas no mundo aumenta a cada dia e elas precisam se alimentar com qualidade e dignidade. As novas regras de rotulagem de alimentos se mostram positivas, pois trazem mais segurança e transparência para os consumidores, e permite que possamos refletir sobre o que comemos.
Referências
- BRASIL.RDC Nº 429, DE 8 DE OUTUBRO DE 2020 . Dispõe sobre a rotulagem nutricional dos alimentos embalados. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Publicada no DOU nº 195, de 9 de outubro de 2020.
- BRASIL. AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Rotulagem nutricional: novas regras entram em vigor em 120 dias. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/rotulagem-nutricional-novas-regras-entram-em-vigor-em-120-dias. Acesso em: 26 de out 2023.