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Resiliência Organizacional na Cadeia Produtiva de Alimentos

A capacidade das empresas de se reinventarem em momentos difíceis, atingindo suas metas e reduzindo o risco em suas operações.

A resiliência organizacional é a capacidade de uma organização de se antecipar, se preparar e se adaptar a transformações graduais e interrupções repentinas a fim de sobreviver e prosperar.  Isto vai além da gestão de riscos para uma visão mais holística da integridade e do sucesso dos negócios.  Uma organização resiliente é aquela que não apenas sobrevive por muito tempo, mas também prospera – passa no teste do tempo. (White Papper BSI)

A indústria brasileira de alimentos e bebidas é considerada a maior do País, processando cerca de 58% de tudo o que é produzido no campo, reunindo mais de 37 mil empresas, o que resulta em 9,6% do PIB do brasileiro. O Brasil tem um papel muito importante no setor global, sendo o 2º exportador mundial de alimentos industrializados em volume e o 5º em valor, tendo mais de 180 países importando seus produtos. A importância é tanta que o setor agropecuário chega a contribuir com 61,7% na balança comercial do País. (fonte ABIA: https://www.abia.org.br/downloads/relatorioAnual_2020.pdf)

Considerado um dos principais produtores e exportadores de carnes, o Brasil, que está nas primeiras posições do ranking mundial, durante a pandemia do COVID-19, se viu estremecido. Logo no início do surto do vírus SARS-CoV-2, as atividades dos frigoríficos precisaram ser interrompidas, devido a contaminação de funcionários. Seguido por exportações canceladas, fronteiras fechadas, e restrições severas de distanciamento social, causando incertezas no setor, obrigando empresas a se adaptarem nesse novo cenário. Toda essa situação com sua gravidade trouxe, em um segundo momento, reflexões importantes para os líderes das empresas, que foram obrigados a darem mais atenção a sua cadeia de suprimentos, analisando sua eficácia, alternativas aos imprevistos, as pessoas afetadas, os produtos e seus estoques, distribuição e canais de venda, entre outros.

Esses questionamentos trouxeram à tona a importância de ser resiliente e ter processos que possibilitem reagirem de maneira ágil em tempos de incerteza e consigam manter suas operações. De um modo geral, a resiliência é um imperativo estratégico para uma organização prosperar no mundo dinâmico atual, um exercício diário que precisa ser estimulado a longo prazo.

Segundo a Norma ISO 22301, os pilares da Resiliência Organizacional são:

  • Produto: tendo a capacidade de suprir as necessidades do mercado;
  • Processo: mantendo procedimentos consistentes e confiáveis;
  • Pessoas: tendo as expectativas dos clientes e dos funcionários alinhadas com a da organização, e para obtê-la é necessário adotar hábitos de melhores práticas que desencadeiam a excelência, com o intuito de promover a melhoria dos negócios.

Quando aplicamos esse termo na cadeia produtiva de alimentos, nos referimos à capacidade que as organizações têm de se reinventarem em momentos difíceis, atingindo suas metas de segurança, sustentabilidade e ao mesmo tempo, reduzindo o risco em suas operações.

Uma peça-chave que pode auxiliar empresas da cadeia de alimentos a serem mais resilientes é a implementação dos requisitos da norma ISO 22000 – Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos, que define os requisitos que a organização deve cumprir para controlar riscos de segurança de alimentos tanto no nível estratégico, considerando as questões internas e externas, quanto nos níveis tático e operacional, considerando a operacionalização dos processos e a análise de perigos, assegurando que os mesmos sempre estejam seguros para consumo.

Segundo pesquisa da ISO – International Organization for Standardization, cerca de 39.651 empresas no mundo obtém a certificação ISO 22000. No Brasil, entre empresas certificadas em FSSC e ISO 22000 (segundo informações de https://www.fssc22000.com/certified-organizations/ e https://www.iso.org/the-iso-survey.html) temos pouco mais de 600 empresas certificadas, num universo de mais de 37.000 empresas de processamento de alimentos. Ainda temos um longo caminho a percorrer para que todo o potencial de produtor e fornecedor mundial do Brasil seja atingido.

“Ao estabelecer um Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos, que atenda aos requisitos da ISO 22000, é uma plataforma ideal para a construção de segurança de alimentos eficaz dentro da cadeia de abastecimento.” (BSI Brasil)

A certificação ISO 22000 é aplicável a qualquer organização membro da cadeia produtiva de alimentos, independente do seu tamanho ou setor. E, por possuir a Estrutura de Alto Nível (Anexo SL), pode ser facilmente combinada com outras certificações como: ISO 9001 – Gestão da Qualidade, ISO 45001 – Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional, ISO 14001 – Gestão Ambiental e ISO 22301 – Segurança e Resiliência – Gestão em Continuidade de Negócios.; que juntas irão suportar a organização, para que ela conquiste a resiliência organizacional e a “antifragilidade”(1) tão buscada no cenário atual de Fragilidade, Ansiedade, Não-linearidade e Incompreensibilidade (Mundo BANI 2).

A resiliência organizacional é uma demanda estratégica para uma organização prosperar, não se tratando apenas de um exercício pontual, mas sim de algo a ser obtido ao longo do tempo e no longo prazo.  Dominar a resiliência organizacional requer que sejam adotados hábitos de excelência e melhores práticas, a fim de promover a melhoria nos negócios por meio da construção de competências e capacidades em todos os aspectos de uma organização. Isto permite aos líderes assumir os riscos calculados com confiança, aproveitando ao máximo as oportunidades apresentadas pelos mesmos. (White Papper BSI)

 

Referências:

TALEB, Nassim Nicholas. Antifrágil – Coisas que se beneficiam com o caos. Renato Marques (trad.) São Paulo: Objetiva, 2020

Whitepaper Resiliência Organizacional – Fonte: BSI Brasil – https://bit.ly/2Nf9XMv

Food Safety Management – ISO 22000:2018 – Fonte: ISO International Organization for Standardization, 2018

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