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Tilápia: uma fonte de nutrientes na alimentação

O Brasil é um grande produtor de pescado, principalmente de tilápia (Oreochromis niloticus), ficando atrás apenas da China, Indonésia e Egito em relação à produção mundial (MEDEIROS, 2021). 

A tilápia é originária da África, trazida para o Brasil durante as décadas de 50 a 70, inicialmente no Estado de São Paulo e na região Nordeste. Sua distribuição expandiu-se por apresentar precocidade, facilidade de cultivo e rusticidade (ZIMMERMANN & FITZSIMMONS, 2004). Em comparação com outras espécies de peixes, supera pela qualidade nutricional, boa aceitação pelo consumidor, sabor e cheiro suaves, textura firme e coloração branca, além de não conter espinhos em forma de “Y”, facilitando o manuseio no processo de extração dos filés. 

É a segunda espécie mais consumida mundialmente, e a campeã na produção nacional. O Estado que apresenta maior produção é o Paraná, contabilizando quase 190.000 toneladas no último ano (Peixe Br, 2023). O Brasil tem grande potencial para se tornar um dos principais produtores do mundo por apresentar vasto recurso hídrico, dispor de mão-de-obra, sendo um grande produtor de grãos e oferecer facilidade na captação de recursos para a produção. A espécie apresenta excelente conversão alimentar e adaptabilidade, sendo importante atividade socioeconômica e atrativa financeiramente. 

A tilápia é fonte de nutrientes e apresenta valor calórico menor, o que permite, dentro de um consumo alimentar equilibrado, acelerar o gasto energético e contribuir para a redução de peso. Além disso, a carne é facilmente digerida, o que a torna um prato ideal para ser consumido nas altas temperaturas da primavera e verão brasileiros. O valor nutricional adequado é consequência de uma dieta satisfatória aos padrões de qualidade e de segurança alimentar estabelecidas pelos consumidores. A carne de tilápia atende a esses critérios, por apresentar baixos custos de produção e adaptabilidade (DUARTE, 2017).

A carne de tilápia tem pouca gordura, diferente de outras fontes mais comuns de macronutrientes, como a carne bovina e o frango. Luzia et al. (2003) observaram valores de gordura total no filé da tilápia do Nilo, em torno de 1,33%, o que indica que tem pouca gordura, o que é característico dessa espécie.  Tem quantidade significativa de ácidos graxos insaturados, como o ômega-3 (PEARSON, 2023), gordura boa que diminui o risco de doenças cardíacas e cardiovasculares, reduz os processos inflamatórios, ajuda no desenvolvimento cerebral e regeneração das células, o que a torna um excelente aliado no tratamento de ansiedade, distúrbios de sono e depressão. Se houver o desequilíbrio dessas funções, o organismo pode evidenciar estados de trombose, inflamação e asma (SHAHIDI et al., 2018), também é fonte de selênio, fósforo, potássio, niacina, vitamina B6 e vitamina B12.

A tilápia contém proteínas, vitaminas e oligoelementos de fácil digestão e possui um conjunto completo de aminoácidos essenciais. No mercado interno, é comercializada fresca, refrigerada ou congelada, como peixe de baixo custo e alto valor nutricional e biológico (MASLOVA & KULAKOVA, 2021). Apresenta baixo índice de colesterol ruim, o LDL, que leva o colesterol para as nossas células e, em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que aumentam o risco de infarto e de derrame, processo conhecido como aterosclerose. 

Em uma alimentação balanceada, o consumo de 100 g de tilápia grelhada tem 184 calorias, contabilizando 9,2% da ingestão diária recomendada (IDR) para adultos, portanto, o consumo de 100 g de tilápia grelhada fornece o equivalente a quase 10% do valor energético necessário a atender nutricionalmente a demanda diária de uma dieta de 2000 calorias. 

Profissionais na área da saúde como nutricionistas ou endocrinologista, recomendam o consumo de tilápia duas a três vezes por semana, devido, dentre outros fatores, o seu custo-benefício. Sendo indicadas em dietas como a low carb, mediterrânea, cetogênica, entre outras. Desta forma, em algumas regiões do país, essas quantidades podem variar o consumo em maiores ou menores porções, mas não há problema em consumi-la todos os dias.

Por fim, vale ressaltar que os filés de tilápia são fáceis de cortar e processar, tornando-os convenientes para cozinhar. Com sabor agradável, textura macia e a vantagem de ser uma fonte de proteína com baixo teor de gordura, a carne de tilápia tornou-se a favorita nas cozinhas e restaurantes em todo o mundo e proporcionando grandes benefícios para a saúde humana. Pode ser consumida regularmente sem prejuízos à saúde e ao paladar, por sua extrema versatilidade. 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

  • DUARTE, F. O. S.; LAGE, M. E. Caracterização da carne da tilápia do Nilo (Oreochromis Niloticus) submetida à dietas suplementadas com óleo de peixe.
  • LUZIA, L.A.; SAMPAIO, G.R.; CASTELLUCCI, C.M.N. & TORRES, E.A.F.S. (2003). The influence of season on the lipid profiles of five commercially important species of Brazilian fish. Food Chemistry, 83: 93-97.
  • MASLOVA, T.; KULAKOVA, T. Chemical composition and nutritional quality of tilapia muscle tissue using the feed additive Enzimsporin. In: BIO Web of Conferences. EDP Sciences, 2021. p. 00105.
  • MEDEIROS,  F. (Coord.). Anuário Brasileiro da Psicultura PEIXE BR 2021. São Paulo: Associação Brasileira de Psicultura, 2021.
  • PEARSON, K. Tilapia fish: benefits and dangers. 2023. Disponível em: <https://www.healthline.com/nutrition/tilapia-fish> Acesso em:  12 mai. 2023.
  • PEIXES BR. Anuário Brasileiro da Piscicultura BR 2023. Associação Brasileira da Piscicultura, 2023. Disponível em: ˂https://www.peixebr.com.br/anuario/˃ Acesso em 18 de junho de 2023.
  • SHAHIDI,  F.  &  AMBIGAIPALAN,  P.  (2018).  Omega-3  Polyunsaturated Fatty Acids and Their Health Benefits. Annu Rev Food Sci Technol, 9, 345-381. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29350557/
  • ZIMMERMANN, S.; FITZSIMMONS, K. Tilapicultura intensive. In: José Eurico Posseibon Cyrino, Elisabeth Criscuolo Urbinati, Débora Machado Fracalosi, Newton Castagnolli (Eds), Tópicos especiais em piscicultura de água doce tropical intensiva, São Paulo: TecArt, Cap.9, p. 239-266, 2014.
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