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Viabilidade de bactérias probióticas, a importância delas para a saúde

Probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (HILL      et al., 2014). Entre os gêneros bacterianos mais usados como probióticos em alimentos estão Bifidobacterium e Lactobacillus. As bifidobactérias se abrigam no intestino grosso, enquanto os lactobacilos se encontram no intestino delgado e, quando a microbiota intestinal está saudável, promovem e mantêm      a ausência de doenças, principalmente as relacionadas ao trato gastrointestinal.

Os microrganismos probióticos são encontrados em alimentos lácteos, sobretudo nos leites fermentados, disponíveis em diferentes marcas nas prateleiras dos supermercados. Além de leites fermentados, os probióticos podem ser consumidos em cápsulas ou sachês na forma de suplementos, que podem ser adquiridos em farmácias. 

Esses microrganismos possuem elevada capacidade de sobrevivência e adesão ao trato gastrointestinal humano e são considerados seguros para consumo, garantindo inúmeros benefícios à saúde que, segundo a literatura, vão desde a modulação do sistema imune, prevenção de distúrbios intestinais, prevenção de obesidade e ação anti-cárie, além da possível ação na redução do colesterol sanguíneo, atividades antitumorais e prevenção de câncer. 

Portanto, é preciso saber que, para que os benefícios sejam alcançados, precisamos consumir uma porção do alimento contendo      um elevado número de células viáveis. A quantidade mínima viável de microrganismos probióticos em um alimento deve estar situada na faixa de 108 a 109 Unidades Formadoras de Colônias (UFC) na recomendação diária do produto pronto para o consumo. O apelo dos probióticos em alimentos deve-se a sua capacidade de manter a integridade intestinal e restabelecer o equilíbrio da microbiota natural dos indivíduos, destacando-se seu papel de impedimento da colonização da mucosa intestinal por microrganismos patogênicos (PEREIRA et al., 2020). 

A eficácia dos probióticos está associada à manutenção da sua viabilidade no produto. Portanto, muitos estudos ressaltam a importância da seleção apropriada desses microrganismos para adição nas matrizes alimentares. 

Assim, a seleção dos microrganismos probióticos para incorporação em alimentos deve ser baseada em suas características tecnológicas e nos benefícios à saúde do consumidor. A composição dos alimentos e o processo de fabricação devem ser cuidadosamente avaliados ​​antes de adicionar o probiótico. A presença de compostos antimicrobianos naturalmente presentes nos alimentos, bem como seu pH e acidez, atividade de água, potencial redox e incorporação de oxigênio, aditivos e tratamentos térmicos podem afetar a viabilidade dos probióticos (MANI-LÓPEZ et al., 2023).

 Aliado a isso, após consumir um alimento probiótico, a viabilidade pode se alterar também devido à exposição às condições gastrointestinais adversas, as quais são um desafio para esses microrganismos, iniciando-se com a elevada acidez do suco gástrico secretado no estômago e a presença dos sais biliares e enzimas intestinais, as quais podem reduzir, substancialmente, o número de células viáveis ​​que chegam ao cólon. Segundo Merritt e Donaldson (2009), os sais biliares são moléculas capazes de promover danos na membrana e na estrutura do DNA das células bacterianas. Portanto, a tolerância a estes compostos é essencial para a sobrevivência dos probióticos no trato gastrointestinal.

Dessa forma, é de suma importância consumir produtos probióticos com contagens acima de 108 UFC, para assegurar que após as barreiras enfrentadas no trato gastrointestinal, no mínimo 106 UFC permaneçam viáveis para promover benefícios ao hospedeiro. Esses benefícios incluem a competição por sítios de ligação com bactérias patogênicas e produção de peptídeos antimicrobianos como as bacteriocinas, redução de processos inflamatórios intestinais, diarreias, entre outros.

No entanto, quando ocorre um desequilíbrio na microbiota intestinal com o predomínio de bactérias maléficas em detrimento as benéficas, ocorre a disbiose, que gera desconforto abdominal, mal-estar, além de vários sintomas desagradáveis. A má alimentação, seja ela abundante em açúcares e em alimentos industrializados, aliada a correria do dia a dia e ao estresse podem levar ao desequilíbrio da nossa microbiota.

Sabe-se que o trato gastrointestinal é colonizado por milhares de microrganismos, existindo uma relação de caráter positivo entre o hospedeiro e a sua microbiota, e é essencial o equilíbrio que venha a favorecer as duas partes (FAINTUCH, 2017). De acordo com este autor, qualquer alteração que possa comprometer significativamente o estado homeostático pode levar a um declínio de suas funções e, consequentemente, a uma diminuição de sua ação protetora e benéfica, desencadeando a disbiose.

Portanto, precisamos saber da necessidade de se consumir probióticos diariamente e em quantidades adequadas, além de manter uma alimentação saudável, rica em fibras e alimentos funcionais a fim de garantir a saúde do trato gastrointestinal e o bem-estar.          

     

Referências

  • FAINTUCH, J. Microbioma, disbiose, probióticos e bacterioterapia. 1. ed. São Paulo: Manole, 2017. 352 p.
  • HILL, C.; GUARNER, F.; REID, G.; GIBSON, G. R.; MERENSTEIN, D. J.; POT, B.; SANDERS, M. E. The internationalscientific association for probiotics andprebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, v. 11, n. 8, pág. 506-514, 2014.
  • MANI-LÓPEZ, EMMA; RAMÍREZ-CORONA, NELLY; LÓPEZ-MALO, AURÉLIO. Avanços na incorporação de probióticos em alimentos assados ​​à base de cereais: estratégias, viabilidade e efeitos – uma revisão. Pesquisa Aplicada em Alimentos, p. 100330, 2023.
  • MERRITT, M. E.; DONALDSON, J. R. Effect of bile salts on the DNA and membrane integrity of enteric bacteria. Journal of Medical Microbiology, v. 58, p. 1533-1541, 2009.
  • PEREIRA, W.L.; TEIXEIRA, K.A.B.; FERREIRA, F.P.; SILVA, C.F.O Efeito dos alimentos funcionais na microbiota intestinal: o uso do kefir e da kombucha na dieta alimentar saudável. Revista de Trabalhos Acadêmicos-Universo Campos dos Goytacazes, v. 1, n. 13, 2020.
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