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Dia Internacional da Mulher: desafios que mulheres enfrentam na indústria de alimentos

O Portal e-food entrevistou a vice-presidente da ABEA-SP, Renata Faraco, e a engenheira química Penha Suely

Neste dia 8, data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, o Portal e-food teve a honra de entrevistar duas profissionais que seguem traçando uma trajetória impecável no meio do food safety. Elas representam hoje, milhares de mulheres que lutam por um espaço de igualdade no mercado de trabalho, seja ele na área de alimentos ou não.

Renata Faraco, de 48 anos, é vice-presidente da Associação Brasileira de Engenheiros de Alimentos de São Paulo (ABEA-SP), atua como perita técnica em alimentos e bebidas, e também como consultora. Formada em engenharia de alimentos há 24 anos e fazendo a diferença em empresas renomadas, Renata entende que precisa usar sua posição de destaque para incentivar outras mulheres a sonharem alto.

“Convido as mulheres e minhas colegas de profissão para que adentrem no universo das indústrias, porque nesse segmento o profissional consegue exercer várias atividades de diferentes áreas dentro da Engenharia de Alimentos. E, quem consegue dar conta de uma produção, com toda a sua beleza e as intercorrências que podem ocorrer nesse processo, torna-se preparada para encarar qualquer desafio”, encorajou ela.

Além de Renata, há uma outra especialista que também merece reconhecimento pelo trabalho realizado para a categoria. Penha Suely de Castro, de 61 anos, é sócia-proprietária da PS&CG Qualidade e ProdutividadeFormada em Engenharia Química, ela atua em treinamentos para desenvolvimento profissional e gerencial focados na qualidade e produtividade em operações industriais de água mineral natural desde 2014.

Penha conta que cresceu cercada por mulheres fortes, mas teve sua mãe como maior referência. “Minha mãezinha foi com certeza a maior expressão de mulher batalhadora e perseverante que conheci. Sem conhecer as letras, ou justamente por não as conhecer, me orientou com palavras e ações para eu seguir nos meus estudos”, explicou ela, que também precisou estudar muito para alcançar boas posições no mercado de trabalho.

O início para ambas não foi fácil. Tanto Renata quanto Penha precisaram mostrar que não existe distinção de gênero quando se quer conquistar metas. “Já havia feito algumas entrevistas para indústrias e serviço aeroportuário, mas ao chegar ao final do processo, ouvi dos recrutadores: “Mas mulher nessa função?”. O que me deixou frustrada, mas não me fez desistir. Apenas atrasei um pouco minha entrada no ramo de indústrias e fui, então, trabalhar com franquias, na rede Fran’s Café. Por lá, trabalhei durante quatro anos e foi lá que iniciei minha experiência. Após esses quatro anos, decidi que era hora de partir para uma indústria e assim o fiz”, relembra a engenheira de alimentos.

Aos 24 anos, Penha precisou sair do conforto de casa para dar passos mais largos rumo ao sonho de trabalhar na indústria de alimentos. “Eu fui selecionada para meu primeiro emprego aos 24 anos, uma vaga sensacional para ser a Engenheira Química responsável pelo Controle de Qualidade de uma fábrica de refrigerantes da Coca-Cola. O detalhe é que a fábrica ficava em Porto Velho/Rondônia (Penha nasceu na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro). Então, um mês após a minha formatura lá fui eu… como se dizia na época, com a cara e a coragem, e na bagagem valores norteadores e muita vontade de vencer”, diz a engenheira química.

Renata constatou, após anos atuando na área, que hoje em dia, infelizmente, ainda há um olhar distorcido para a capacidade feminina em desempenhar funções. “As mulheres são tidas como profissionais mais atentas aos detalhes, enquanto os homens têm uma visão mais macro do negócio. Particularmente, eu não vejo assim, acredito que homens e mulheres sejam excepcionalmente capazes de desempenhar a função que desejarem, através de estudo e aprendizado constante”, afirmou a engenheira.

Depois de anos conquistando os seus respectivos espaços, as duas profissionais olham para as futuras profissionais da área da Indústria de Alimentos com carinho. “Estudem! Estudem sempre! A profissão de Engenharia de Alimentos trabalha diariamente com saúde pública e ciência, então o constante aprendizado, assim como as atualizações, são de suma importância. Outra dica fundamental é não ter medo, confie na sua bagagem técnica, corra atrás do que não souber e não tenha receio de assumir responsabilidades, sempre pautado pela ética”, aconselha a vice-presidente da ABEA-SP.

Penha também fez questão de aconselhar as recém-formadas: “Quando somos jovens, a imaturidade prejudica nossa avaliação, então a dica é ser humilde e ter consciência de que não se sabe tudo, que há um longo caminho a ser percorrido. Uma coisa é a pressão das provas na universidade e estágio orientado, outra é o chão de fábrica com suas variáveis de processo. Iniciar minha caminhada pela área da qualidade empoderou meu conhecimento técnico e visão de solução de problemas, o que me ajudou muito nas tomadas de decisões ao longo da minha carreira. Mas hoje digo com a voz da maturidade que a maior fortaleza é respeitar as pessoas e ouvir a equipe”, alerta a engenheira química.

As duas profissionais traçaram caminhos diferentes na área de food safety. No entanto, mesmo em posições diferentes, ambas entendem que é preciso persistir naquilo que almeja. Diante dessas duas histórias, o Portal e-food se sente ainda mais honrado em poder disseminar conteúdos que vão além de técnicas da área. Falar sobre possibilidades e confiança em si mesmo também faz parte da nossa história.

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