O Município de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, possui uma tradição pesqueira antiga, que se estende além do período pré-colonial. Em Itaipu (palavra de origem tupi-guarani – “pedra que canta”), bairro localizado na região oceânica, há indícios de ocupação por povos indígenas datados de 8 mil anos atrás, que tinham a pesca como uma de suas atividades principais. Atualmente a classe pescadora tradicional vive na região conhecida como Canto de Itaipu.
A colônia de pescadores Z7 está localizada em Itaipu e é uma das duas colônias localizadas no Município de Niterói. Os pescadores dessas colônias utilizam técnicas oriundas da pesca artesanal, que é passada de geração em geração, o que propicia um acúmulo de cultura, herança e conhecimento local. Assim, os pescadores possuem um domínio das marés, do vento, das posições de cardumes e técnicas de navegação, importantes para exercer seu ofício.
Além de Itaipu, podemos elencar outras áreas de pesca tradicional do município de Niterói como Jurujuba (palavra de origem tupi – “jurus amarelos”), Ponta d’Areia (península da armação – nome relacionado à pesca – [armar os barcos]), Ilha da Conceição e Praia Grande. Essas áreas acabam integrando a Z8, a outra colônia de pescadores localizada no Município de Niterói. Além das duas colônias de pesca, existem comunidades pesqueiras nas regiões de Boa Viagem e Piratininga.
O tradicional Mercado de Peixes de São Pedro (tradicional mercado público municipal de peixes e frutos do mar e o maior do estado do Rio de Janeiro) é um outro ponto importante na história da pesca do Município de Niterói. O Mercado sempre esteve localizado no centro da cidade, mas nem sempre esteve na Avenida Visconde do Rio Branco número 55, seu endereço atual. Anteriormente, a localizava-se na mesma avenida, mas no número 360. Na época, a Avenida era chamada de Rua da Praia porque até lá chegavam as águas da Baía de Guanabara, antes de serem realizadas as obras do Aterro da Praia Grande, que modificou toda orla da baía entre a Ponta d’Areia e o bairro do Gragoatá.
Naquela época, o Mercado tinha sua estrutura toda feita em madeira e estendia-se mar adentro sobre um cais flutuante. Essa estrutura foi desativada no final da década de 1960, se mudando para o seu atual endereço em Ponta D’Areia. Essa história está retratada em pinturas no mezanino do Mercado de São Pedro e pode ser conferida pelos seus visitantes.
Com a urbanização de Niterói, a falta de incentivo do poder público e os efeitos da poluição da baía de Guanabara, muitos pescadores do Município estão tendo dificuldade em manter essa atividade milenar, o que acarreta na perda da identidade ancestral e na busca de alternativas de sobrevivência.
Para realizar o resgate dessa tradição pesqueira, a Prefeitura de Niterói em conjunto com a Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Fundação Euclides da Cunha (FEC) desenvolveram o projeto intitulado “O Município de Niterói na Vanguarda da Qualidade e Sustentabilidade no Setor Pesqueiro – da Produção à Mesa do Consumidor e à Rede Pública de Ensino”.
O projeto visa a manutenção da qualidade do pescado e a viabilidade do aproveitamento das espécies de baixo valor comercial ajudando a movimentar a renda do município e dando enfoque à saúde. Sabemos que um dos pontos críticos da cadeia de processamento do peixe é relativo ao momento da captura, armazenamento e transporte, devendo ser verificado se estão sendo aplicadas as Boas Práticas desde a pesca até o momento do consumo. Para alcançar esse objetivo, o projeto tem metas alinhadas com diagnóstico dos estabelecimentos pesqueiros do município, realização de palestras e rodas de conversa com os pescadores e manipuladores de pescado, gerando uma maior capacitação desses dois elos da cadeia.
Outra função do projeto é estimular o consumo de peixe e outros tipos de pescado pela população e, para isso, estamos trabalhando na elaboração de novos produtos à base de pescado. Os produtos desenvolvidos serão levados para as escolas públicas de Niterói, buscando incluir ou aumentar o consumo desse alimento desde a infância. Conjuntamente com o pescado, traremos também palestras trazendo os benefícios do consumo desse alimento, além de outras atividades lúdicas, fazendo das crianças agentes multiplicadores do conhecimento no meio de suas comunidades e famílias.
Por fim, o projeto tem um viés educacional, realizando postagens periódicas no Instagram sobre temas de importância relativos ao pescado, trazendo o conhecimento que será difundido para os pescadores e manipuladores também para a população em geral de dentro e de fora do Município de Niterói e outros conteúdos de igual importância.
O primeiro objetivo direto do projeto é melhorar as condições de compra e venda de pescado, favorecendo a saúde e bem-estar. Ao se ofertar um produto inócuo e com melhor qualidade buscamos contribuir para a melhora nas questões de qualidade de vida da população, reduzindo a ocorrência de doenças de origem alimentar e impulsionando as vendas do setor pesqueiro tradicional do município. Esse estímulo geraria um impulso no setor de turismo e na preservação da cultura local, acarretando em geração de renda para a população e perpetuação das práticas pesqueiras milenares.
Enfim, o projeto visa criar condições para a cidade de Niterói tornar-se um modelo de gestão responsável no setor pesqueiro.
Quer ficar por dentro do projeto e saber tudo sobre pescado e sobre os produtos que estamos desenvolvendo? Acesse nosso Instagram, @pmnuff. Aguardamos você lá!
Parabéns pelo projeto .