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Alta demanda dos alimentos orgânicos pode influenciar o aumento de fraudes

Alexandre Harkaly, diretor de Integração Estratégica da QIMA IBD, uma das principais entidades de certificação orgânica do Brasil analisa o cenário do setor

A busca por um consumo consciente tem feito com que os produtos orgânicos tenham mais espaço nas prateleiras dos supermercados. Um levantamento do Instituto Organis, centro de estudos sobre sustentabilidade e alimentação saudável, concluiu que 360 de cada mil brasileiros se declaram consumidores de orgânicos. Os resultados fazem parte da pesquisa “Panorama do Consumo de Orgânicos no Brasil 2023”, divulgado em junho deste ano. Os dados indicam que houve um crescimento de 16% no consumo desse tipo de alimento entre 2021 e 2023.

Fonte: Panorama do consumo de orgânicos no Brasil 2023

Por consequência da ascensão, os alimentos orgânicos já estão no ranking dos produtos mais afetados por fraudes alimentares no mundo, segundo o banco de dados Decernis Food Fraud. Para entender a configuração desse cenário e o que é possível ser feito para identificar produtos fraudulentos, o Portal e-food conversou com Alexandre Harkaly, diretor de Integração Estratégica da QIMA IBD, uma das principais entidades de certificação orgânica do Brasil.

Para Harkaly, a alta demanda influencia no crescimento de fraudes em alimentos orgânicos se não estiverem sendo produzidos com transparência, rastreabilidade e controle. “Um rabanete, por exemplo, pode ser colhido em 20 dias ou 1 mês, então, é um produto muito simples e qualquer um pode produzir. Se uma pessoa má intencionada  observar que em um determinado local os preços são maiores, ele vai procurar vendê-lo como um produto falsamente orgânico. Esse diferencial de preço e locais de venda diferenciados e sem controle são  fatores propícios para fraude”, analisa.

A  maneira mais confiável de identificar se um produto que está sendo oferecido no mercado é mesmo orgânico é através da certificação. Os selos garantem que os consumidores tenham acesso a alimentos isentos de contaminantes que podem colocar em risco o meio ambiente e a saúde das pessoas.

Alexandre cita algumas orientações importantes para esta verificação do consumidor em feiras orgânicas. “Para ter certeza de que o produto é realmente orgânico é importante que se verifique se ele tem o selo Orgânico Brasil. Isso indica que aquele produto, os fornecedores e tudo que envolve a cadeia foi verificado e analisado em auditoria presencial. Muitos produtos não orgânicos estão no mercado e não passam por nenhuma verificação. Já o produto orgânico passa por uma inspeção, além da fiscalização feita por amostragem do Ministério da Agricultura”, explica o diretor de Integração da QIMA IBD.

A certificação concedida pela QIMA IBD, por exemplo, garante a utilização do Selo Orgânico Brasil para a comercialização de produtos em todo o território nacional. Outros modelos de selos de certificações como USDA-NOP, União Europeia-CE, IFOAM, Krav, DCOK, JAS, Naturland, China-GB/T, ROC e Demeter, por lei, não são válidos no Brasil, pois não há ainda acordo e reconhecimento de equivalência entre os países, com exceção do Chile.

Além da verificação do selo, Alexandre chama a atenção para o importante papel que o próprio consumidor tem nesta fiscalização diárias nas feiras orgânicas. “O consumidor tem o direito de questionar, de fazer perguntas como “Quero ver o certificado”. Se não tiver certificado a ser apresentado, não compre, vá para outra barraca.

No Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, localizado no site do Mapa, qualquer pessoa pode ter acesso à relação de Produtores Orgânicos de todo o Brasil, a listagem dos organismos que controlam a qualidade orgânica e a listagem de organizações de controle social, que comercializam seus produtos diretamente ao consumidor. Acesse aqui.

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Como obter a certificação da cadeia produtiva de produtos orgânicos?

No Brasil, para que um produto seja rotulado e vendido como “orgânico”, é obrigatória a certificação por auditoria, certificação participativa ou a vinculação a uma organização de controle social. Essa obrigatoriedade é imposta para garantir a segurança do consumidor e preservar o meio ambiente. Cada produto e segmento tem requisitos específicos, que devem ser atendidos para a obtenção da certificação.

A QIMA IBD oferece certificações por auditoria abrangentes para uma ampla variedade de produtos, permitindo a certificação de praticamente qualquer um, desde que ele atenda às normas da certificação escolhida. Essas certificações abrangem desde a produção, processamento, exportação, expedição, importação até a chegada ao varejo onde o consumidor irá escolher conscientemente o que comprar. Cada certificação segue um ciclo que compreende a supervisão, o preparo da auditoria, a auditoria na prática, a avaliação do resultado realizada após a auditoria e a decisão de certificação.

Se uma empresa deseja comercializar seus produtos orgânicos no Brasil, é necessário obter a certificação Orgânicos Brasil, que atesta a conformidade com os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No entanto, se a empresa tem interesse em exportar para outros países, é crucial seguir as regulamentações específicas de cada nação de destino.

Para exportar para a China, por exemplo, é necessário cumprir os requisitos estabelecidos pela China- norma GB/T  Da mesma forma, para exportar para a União Europeia, é necessário aderir aos regulamentos do sistema de certificação orgânica da UE. Existem diversas certificações orgânicas reconhecidas internacionalmente, como a USDA Organic (Estados Unidos), JAS (Japão), ACO (Austrália), entre outras, que são exigidas por estes diferentes países para permitir a importação de produtos orgânicos.

Cada uma dessas certificações é essencial para atender às exigências específicas de diferentes mercados internacionais. Com serviços de inspeção, auditoria e certificação, a QIMA IBD ajuda empresas a atender aos requisitos dos importadores e varejistas, expandir para novos mercados e estabelecer relacionamentos duradouros com seus clientes.

Alexandre Harkaly, diretor de Integração Estratégica da QIMA IBD
Alexandre Harkaly, diretor de Integração Estratégica da QIMA IBD

Para maiores informações, acesse o site da QIMA IBD.

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