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Patenteado bico de pulverização que reduz a quantidade de agrotóxicos em mais de 50%

Novo dispositivo desenvolvido na Embrapa Meio Ambiente foi reconhecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no mês de agosto

Um novo tipo de dispositivo de bico de pulverização pneumática eletrostática, que emprega a eletrificação por indução, aumenta a deposição e melhora a eficiência de deposição de gotas de defensivos nos respectivos alvos, desenvolvido por Aldemir Chaim e Luiz Guilherme Wadt da Embrapa Meio Ambiente, foi patenteado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), neste mês de agosto.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a técnica usual de aplicação de defensivos agrícolas caracteriza-se pelo emprego de bicos hidráulicos, cujos princípios de funcionamento foram desenvolvidos no século 19 e não foram atualizados até hoje. As gotas formadas pelos bicos hidráulicos conseguem manter alguma velocidade após a formação, mas rapidamente desaceleram, podendo ser alteradas pelos ventos ou pela evaporação acelerada, fazendo com que as partículas não atinjam o alvo. Pesquisas têm apontado que a deposição efetiva de agrotóxicos nas culturas raramente ultrapassa 50% do volume aplicado, mesmo com os pulverizadores mais modernos.

Nos sistemas tradicionais de eletrificação por indução, as gotas eletrificadas sempre são atraídas de volta para o eletrodo de indução, provocando seu molhamento, ao ponto de gotejamento, o que gera desperdício, além de problemas de curto-circuito do sistema que assim para de funcionar.

Conforme o pesquisador Aldemir Chaim, esse novo bico usa ar em alta velocidade para pulverizar a calda, assoprando as gotas para longe do efeito de retro atração do eletrodo de indução, o qual se apresenta com polarização elétrica oposta às partículas eletrificadas.

Contudo, o maior diferencial desse equipamento é que ele possui um fino fio de aço inox no interior do ducto de deslocamento da calda, que facilita a chegada das cargas elétricas que saem do solo, movimentando-se pelo líquido, sem resistências, para a região da zona de formação de gotas. Uma das extremidades desse fio de aço inox fica posicionada a um ou dois milímetros do ponto de emergência do líquido na zona de formação de gotas, o que proporciona a formação de um gigantesco campo elétrico, garantindo assim altíssima intensidade de eletrificação das gotas.

O uso de gotas com carga eletrostática tem se mostrado uma técnica promissora para aumentar a deposição de defensivos nas plantas. Quando uma nuvem de partículas carregadas eletricamente se aproxima de uma planta, ocorre o fenômeno da indução, de modo que a superfície do vegetal se eletrifica com cargas elétricas de sinal oposto ao das gotas que estão chegando. Como consequência, a planta atrai fortemente as partículas líquidas eletrificadas, promovendo assim uma melhoria na deposição, inclusive na face abaxial das folhas. 

O analista Luiz Guilherme Wadt destaca outro aspecto importante, caracterizado pela repulsão mútua entre as gotas. Uma vez que possuem cargas da mesma polaridade, as gotas eletrificadas não colidem entre si, formando um jato mais espalhado e por isso haverá uma melhora na distribuição dos defensivos nas plantas, considerando uma distribuição espacial mais homogênea das gotas pulverizadas. Outro aspecto extremamente relevante é que a atração eletrostática tem relação inversa ao tamanho das gotas, havendo um maior aproveitamento das gotas pequenas.

Pelo fato de as gotas eletrificadas serem fortemente atraídas pelo objeto aterrado mais próximo (no caso a planta), a perda de defensivos para o solo também é muito menor do que aquela que ocorre com uso da pulverização convencional.

Segundo Chaim, algumas pesquisas mostram que o emprego da eletrostática pode reduzir com facilidade, em mais de 50%, os ingredientes ativos recomendados nos tratamentos fitossanitários sem reduzir a eficácia biológica e, além disso, reduz os efeitos colaterais dos agrotóxicos sobre os organismos que vivem no solo, considerando que as perdas para o solo podem ser 20 vezes menores do que as que ocorrem em uma pulverização convencional. 

Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

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