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Programa de Segurança dos Alimentos – FOOD DEFENSE

FOOD DEFENSE e ferramentas para sua implementação.

De acordo com Severino, 2016; as crescentes preocupações das empresas, governos e consumidores sobre as contaminações intencionais e fraudes de alimentos nos conduzem a novos conceitos e metodologias como a defesa alimentar, cujo escopo visa a proteção da indústria, produtos e instalações, da contaminação intencional, adulteração e terrorismo alimentar.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 2002; o combate ao terrorismo alimentar é conseguido utilizando-se de medidas articuladas de prevenção, detecção, preparação e resposta entre os países, instituições e pessoas.

A partir de 2001, após os eventos terroristas de 11 de setembro, houve uma maior preocupação com o tratamento da contaminação intencional como possibilidade de prejuízo à garantia da qualidade dos alimentos. Com os atentados, nos E.U.A, a U.S Food and Drug Administration (FDA) passou a aumentar os trabalhos na modernização do sistema de qualidade, com o objetivo de intensificar o APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), para além da produção de alimentos, analisando todos os pontos vulneráveis da empresa. Sendo assim, iniciou-se uma discussão sobre um alimento defendido sob a expressão Food Defense (FDA, 2014).

Nesse sentido, de acordo com Aguiar, D. R et al 2020; o food defense (em tradução livre, defesa alimentar) é um conceito que tem surgido com o objetivo de desenvolver uma abordagem de programas, visando proteger e mensurar o impacto sobre a população e a indústria produtora de alimentos, passíveis de um ataque de contaminação intencional.

Para auxiliar a indústria de alimentos norte-americana na produção de seus planos de defesa alimentar, a FDA, em trabalho conjunto com o United States Department of Agriculture (USDA), desenvolveu uma ferramenta tecnológica para evitar contaminações denominada CARVER + Shock. Este sistema relaciona seis atributos usados para avaliar a atratividade de um alvo para o ataque, dos quais são:

1. Criticidade: medida de saúde pública e impactos econômicos de um ataque;

2. Acessibilidade: capacidade de acessar fisicamente e sair do destino;

3. Recuperabilidade: capacidade do sistema de se recuperar de um ataque;

4. Vulnerabilidade: facilidade de realizar o ataque;

5. Efetividade: quantidade de perda direta de um ataque medida pela perda na produção;

6. Reconhecimento: facilidade de identificar o alvo.

+ Shock: os impactos combinados sobre a saúde, economia e psicologia de um ataque

Outra ferramenta muito utilizada para implantação de um sistema de segurança de alimentos é o PAS 96, um guia britânico de proteção e defesa de alimentos e bebidas, que define o Food Defense como procedimentos adotados para garantir a segurança de alimentos e bebidas e suas cadeias de abastecimento contra ataques maliciosos e com motivação ideológica que levam à contaminação ou interrupção do abastecimento.

O PAS 96:2017 tem, por objetivo, orientar as indústrias de alimentos por meio de abordagens e procedimentos, para melhorar a cadeia de suprimentos e proteger contra fraudes ou outras formas de ataque, garantindo autenticidade e segurança dos alimentos, minimizando a chance de um ataque e mitigando as consequências de um ataque bem sucedido.

Sendo assim, o programa Food Defense se apresenta como um sistema que visa proteger os produtos alimentares de adulteração intencional, garantindo um ambiente de trabalho seguro aos funcionários, fornecendo um alimento seguro, protegendo as empresas e aumentando o grau de preparação e a capacidade das mesmas perante a situações críticas (SEVERINO, 2016).

 

Referências

BRITISH STANDARDAS INSTITUTION (BSI), PAS 96: Guide to protecting and defending food and drink from deliberate attack. Londres: BSI, 2017.

SEVERINO, Paula Rita de Sousa. Food defense e sua relação com as normas IFS V6, BRC V7 e FSSC 22000. Dissertação de Mestrado. Universidade de Lisboa, 2016.

UNITES STATES DEPARTAMENT OF HEALTH & HUMAN SERVICES &UNITED STATES FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (HHS&FDA). CARVER + Shock Primer. Na overview of the Carver Plus Shock method for food sector vulnerability assessments. Washington: Estados Unidos: FDA, 2014.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) Terrorist threast to food: guidance for establishing and strenthening prevention and response systems. World Health Organization. Geneva, Switzerland, 2002.

AGUIAR, D. R ; KUSHIDA, M. M; PAIVA, L. C. CAPÍTULO 45: FOOD DEFENSE: Gerenciamento de Riscos e Aplicação de Ferramentas CARVER + Shock em Frigoríficos. 2020 – https://editora.institutoidv.org/ficha-tecnica-ciagro-vol-1/

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